
Após análise das 2.022 escolas que foram declaradas elegíveis para o modelo cívico-militar pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP), o Greppe identificou que nenhuma delas atende aos critérios prioritários estabelecidos para a seleção. Estas escolas não estão localizadas em territórios com maior vulnerabilidade social nem oferecem o Ensino Fundamental 2, e contemplam apenas poucas instituições com altas taxas de reprovação, abandono e baixo Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp).
Em comunicado conjunto assinado por três sindicatos de trabalhadores da educação de São Paulo, foi destacado que o governo já utilizou estratégias semelhantes ao selecionar amostras distorcidas quando implantou o programa de ensino em tempo integral.
“Existe a intenção de propagar, talvez em períodos eleitorais, a falsa ideia de que o programa das escolas cívico-militares é eficaz, considerando que os resultados do Idesp das escolas em questão já não são inferiores à média paulista, mas podem ser apresentados como resultado da imposição de disciplina nas comunidades”, ressalta o comunicado.
O peso de um nome
A controvérsia em torno do projeto foi intensificada na última sexta-feira (19). Em um artigo no UOL, o colunista Juca Kfouri revelou que uma das escolas candidatas ao modelo cívico-militar era a Jornalista Vladimir Herzog, em São Bernardo. Vladimir Herzog, como é amplamente conhecido, foi torturado e morto durante a Ditadura Militar.
Após mobilização liderada pelo Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, Apeoesp e pelo Instituto Vladimir Herzog, a diretora da escola decidiu recuar no domingo (21). O Instituto Vladimir Herzog afirmou: “Em um país verdadeiramente democrático, não seria aceitável a associação – mesmo simbólica – do nome de um jornalista como Vladimir Herzog a uma escola de ensino cívico-militar”.