
Geografia e Ecologia: Estudando Ilhas Florestais em Meio ao Cerrado
Foi assistindo televisão que Thamyres Sabrina Gonçalves se apaixonou pelo estudo da Terra. Inspirada pela repórter Glória Maria, decidiu cursar geografia para poder viajar e explorar diferentes lugares como sua ídolo.
Atualmente, Gonçalves se dedica a estudar ilhas florestais isoladas em meio aos campos rochosos do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Nesse ambiente único de Cerrado, a geógrafa observa as diversas paisagens e se questiona sobre a presença das florestas em meio aos campos nativos de altitude.
Uma das teorias que ela discute é a dos Refúgios Florestais, proposta pelo geógrafo brasileiro Aziz Ab’Saber. Segundo essa teoria, fragmentos da Mata Atlântica teriam se expandido pelos campos e depois recuado, deixando para trás pequenas ilhas de floresta. No entanto, Gonçalves busca apresentar contrapontos a essa ideia, pois acredita que a expansão da Mata Atlântica não alcançou aquela região.
Durante seu doutorado na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, a geógrafa se dedicou a estudar as transições na vegetação do Espinhaço desde os primórdios do Quaternário. Essa pesquisa desafiadora envolveu analisar as camadas de solo da região e levantou hipóteses interessantes sobre a evolução das matas locais.
Um dos mistérios que Gonçalves encontrou em suas pesquisas foi a presença de fragmentos de carvão em amostras de solo. Essa descoberta inesperada levou a geógrafa a buscar ajuda da arqueóloga Rita Scheel-Ybert, especialista em arqueobotânica, para investigar se esses vestígios indicam uma presença humana antiga na região da Serra do Espinhaço.
Além de sua pesquisa científica, Gonçalves compartilha sua história de vida marcada por desafios. Criada em um ambiente de violência e privações, a geógrafa luta não apenas pelo avanço da ciência, mas também pela quebra de padrões coloniais e pela representatividade das mulheres negras na academia.
Thamyres Sabrina Gonçalves exemplifica a persistência e a paixão pela ciência, demonstrando que a superação de adversidades pessoais pode abrir caminho para descobertas e contribuições significativas no campo da geografia e da ecologia.