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Governo Bolsonaro monitorou agentes do Ibama que combatiam crimes ambientais para intimidar e retaliar servidores, diz relatório da PF

O escândalo da espionagem na gestão do Ibama durante o governo Bolsonaro

A Polícia Federal revelou um relatório explosivo sobre a atuação da Abin paralela na gestão do Ibama durante o governo de Jair Bolsonaro. No documento, é citado que o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ordenou que o chefe da Abin, Alexandre Costa, investigasse a “ficha corrida” de três agentes do Ibama que estariam “dando trabalho à gestão”. Essa ação ocorreu no dia 28 de março de 2022.

De acordo com a PF, a espionagem teria começado ainda na gestão de Salles. Um dos agentes do Ibama, Hugo Loss, foi monitorado pela Abin paralela em maio de 2020, pouco tempo após ser removido de seu cargo de coordenador de fiscalização. Na época, Loss e seu superior foram exonerados devido a uma operação contra o garimpo na terra indígena Apyterewa, causando desconforto no governo Bolsonaro.

Além de Loss, outros dois agentes do Ibama também foram alvo da Abin paralela. Roberto Cabral e Hugo Leonardo Mota Ferreira afirmaram que sofreram represálias após participarem de fiscalizações que contrariaram os interesses do governo na época. Ferreira, por exemplo, auxiliou na operação Akuanduba, que resultou na queda de Salles em 2021.

Segundo Hugo Ferreira Loss, atual Coordenador de Fiscalização da Flora do Ibama, havia uma prática reiterada de denuncismo contra servidores ambientais. Para ele, as ações de vigilância eram um braço do crime ambiental dentro do Estado, com o intuito de intimidar e coagir aqueles que agiam em prol do meio ambiente.

Esse escândalo coloca em xeque a atuação do governo Bolsonaro em relação às questões ambientais e a autonomia dos órgãos de fiscalização como o Ibama.

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