
Coronel da reserva do Exército é informante de Bolsonaro em reuniões sobre “rachadinhas”
No ano de 2019, um coronel da reserva do Exército teve pelo menos seis reuniões fechadas com Jair Bolsonaro nos palácios do Planalto e da Alvorada, segundo pessoas próximas a esses encontros. Esse coronel é citado por Bolsonaro em uma reunião discutindo as “rachadinhas” que envolviam Flávio Bolsonaro, seu filho.
O áudio dessa reunião, que ocorreu em agosto de 2020, foi divulgado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Na ocasião, Bolsonaro mencionou o uso da máquina federal para tentar anular a investigação contra Flávio, comprometendo-se a falar com autoridades da Receita Federal e do Serpro.
Além de Bolsonaro, participaram da reunião figuras como Augusto Heleno, Alexandre Ramagem, da Abin, e advogadas de Flávio. Durante o encontro, Bolsonaro mencionou que o informante era um coronel do Exército, chegando a brincar sobre trocar por um serviço secreto russo.
Esse coronel é identificado como Carlos Marsiglia, que já havia se encontrado com Bolsonaro em diversas ocasiões no primeiro semestre de 2019. Marsiglia não tinha cargo público na época e foi contatado pela defesa de Flávio para tentar provar acessos ilegais aos dados fiscais do senador.
O envolvimento de Flávio nas “rachadinhas” resultou em ações para influenciar investigações federais, com a tentativa de obter provas de ilegalidades. No entanto, a investigação do Fisco concluiu pela improcedência das teses apresentadas pela defesa.
Em 2021, o STJ anulou decisões da primeira instância do caso, alegando falta de jurisdição do juiz responsável. Além disso, a utilização da máquina pública para favorecer Flávio faz parte de investigações sobre uma suposta “Abin paralela” que teria espionado ilegalmente adversários políticos na gestão anterior.