Acontecimento recente no cenário literário nacional, o livro mais recente da filósofa Americana Judith Butler, intitulado “Quem Tem Medo do Gênero?”, foi retirado das prateleiras do país e do estoque da editora Boitempo por decisão judicial há aproximadamente dois meses, conforme informado ao público nesta sexta-feira (19).

A decisão do recolhimento foi resultado de uma ação movida pela editora Casa Publicadora Brasileira, vinculada à Igreja Adventista do Sétimo Dia, alegando infração de direitos autorais. A Boitempo, em suas redes sociais, manifestou críticas à medida adotada e ressaltou que a ação tramitava em segredo de Justiça.

Em nota divulgada pela Casa Publicadora Brasileira, a entidade esclareceu que a iniciativa judicial se deu exclusivamente por questões relacionadas a direitos autorais e uso de marca registrada. O processo está sendo conduzido sob sigilo, conforme determinação da Justiça.

A polêmica envolvendo a capa interna da versão brasileira de “Quem Tem Medo do Gênero?” se deu em relação ao uso de uma imagem de um cartaz de protesto contra Judith Butler, contendo uma ilustração de um personagem detido pela Casa Publicadora Brasileira. A Boitempo lamentou a escolha da editora em acionar judicialmente, destacando que poderiam ter chegado a um acordo de forma amigável.

O livro de Butler aborda a centralidade do medo em discursos conservadores e reacionários em relação ao gênero, desmistificando a intenção por trás dessas abordagens. A obra tem previsão de retorno às livrarias na próxima semana com uma nova capa, enquanto a ação movida pela Casa Publicadora Brasileira segue em andamento.

Butler, conhecida por sua atuação nos estudos de gênero, enfrenta constantes ataques de grupos conservadores e religiosos, que a acusam de influenciar negativamente crianças. Em entrevista recente, a filósofa expressou surpresa e choque diante das acusações e da demonização de sua imagem no Brasil.

“Quem Tem Medo do Gênero?” representa uma tentativa de Butler de desmistificar as interpretações conservadoras de seu trabalho, destacando a importância do debate para a transformação social.