Artefatos indígenas de 50 etnias retornam ao Brasil após 20 anos na França para integrar Museu do Índio no Rio de Janeiro.
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A ação conjunta do Ministério Público Federal (MPF), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Ministério das Relações Exteriores (MRE) foi fundamental para o retorno desses artefatos, que foram adquiridos ilegalmente em 2003 e levados ao Museu de História Natural e Etnografia da cidade de Lille, na França. Todo o processo de repatriação exigiu uma década de tratativas com as autoridades francesas, além da instauração de um inquérito civil público no MPF do Rio de Janeiro.
Após a chegada dos artefatos no Brasil, as peças passarão por um período de quarentena para evitar possíveis contaminações e serão examinadas para verificar seu estado em comparação com os relatórios emitidos quando saíram da França. O objetivo é que esses artefatos sejam eventualmente disponibilizados para o público visitante do Museu do Índio.
Entre os objetos repatriados, estão adornos raros como os Kayapó e Enawenê-Nawê, além de chocalhos, arcos e brincos emplumados dos Araweté. Esses itens são protegidos por convenções internacionais como a Cites, que orienta o comércio internacional de espécies da flora e fauna selvagens em perigo de extinção.
Além disso, o Museu Nacional também recebeu um manto Tupinambá que estava na Dinamarca desde o século 17. Esse artefato, feito com penas vermelhas de guará sobre uma base de fibra natural, tem mais de 300 anos e faz parte de uma série de mantos semelhantes que ainda estão em diversos museus europeus. O retorno desse manto representa mais um passo importante na repatriação de artefatos culturais indígenas para o Brasil.