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Nos últimos 30 anos, desde a conquista do tetracampeonato pelo Brasil, o futebol passou por diversas transformações, e as regras relacionadas aos pênaltis, que foram fundamentais naquela decisão, estão entre os aspectos que mais mudaram.
Em 1994, quatro jogadores erraram suas cobranças. Mas quantas delas precisariam ser repetidas sob as regras atuais?
De acordo com o ex-árbitro Wallace Valente, apenas uma delas – aquela que favoreceu o Brasil. Ele explica que, pela norma vigente hoje, se o goleiro se adianta antes da cobrança, mas não influencia o chute ou defende a bola, a tentativa não é invalidada.
“A primeira cobrança de Baresi não deveria ser repetida, pois Taffarel adiantou-se, mas a bola foi para fora. A única situação em que seria necessária a repetição é se ele tivesse defendido com essa adiantada. Na cobrança de Márcio Santos, Pagliuca defendeu, mas foi uma ação correta, uma vez que ele tinha um pé ainda sobre a linha, o que é permitido pela regra”, afirma Valente.
O ponto crítico, segundo Valente, foi na cobrança defendida por Taffarel. “Na terceira cobrança de Albertini, Taffarel também adiantou, mas a bola entrou no gol. E assim por diante, com Romário, Evani e Branco marcando gols. A única cobrança que deveria ser repetida é a de Massaro, onde Taffarel adiantou e defendeu o chute”, explica o ex-árbitro.
Para o preparador de goleiros Daniel Pavan, que trabalhou com Alisson Becker, a posição de goleiro foi a que mais evoluiu nos últimos anos no futebol.
“Atualmente, contamos com diversas ferramentas de estudo e análise dos cobradores, o que aumentou bastante o número de defesas de pênaltis. Além de informações sobre as preferências dos cobradores, analisamos o momento do jogo, a importância da cobrança e todos os aspectos emocionais que influenciam a escolha do lado da batida. Sem dúvida, havia treinamento e qualidade na época do tetracampeonato, mas as situações eram menos estudadas e monitoradas, com uma abordagem mais empírica e intuitiva se compararmos com os dias atuais”, destaca Pavan.