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Presidente da Alerj estreita laços com família Bolsonaro em preparação para disputa ao governo estadual em 2026




Artigo Jornalístico

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Rodrigo Bacellar (União Brasil), estreitou nas últimas semanas laços com a família de Jair Bolsonaro (PL), alinhando-se ao grupo político do ex-presidente com vistas à disputa ao governo estadual, daqui a dois anos.

Bacellar esteve com o ex-mandatário e dois de seus filhos, o senador Flávio e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), no mês passado. Na ocasião, discutiu estratégias para as eleições municipais e foi sondado para integrar uma aliança para 2026.

O movimento intensifica a antecipação do cabo de guerra silencioso dele com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), potencial candidato ao governo estadual da base do presidente Lula (PT).

Almejando a sucessão do governador Cláudio Castro (PL), Bacellar decidiu estreitar os laços com o ex-presidente. Em Brasília, ganhou do patriarca a medalha do “clube Bolsonaro”, também conhecida como o emblema dos “três Is” (imorrível, imbrochável, incomível).

A reunião mais longa foi com Flávio, junto do presidente nacional da União Brasil, Antônio Rueda. Nela, eles alinharam estratégias para as eleições cariocas em 2024 e discutiram cenários para 2026.

“Disse a eles que sou uma pessoa de grupo. Se lá na frente o meu nome for o mais viável, disse que estou à disposição para representar. Se for outro, não tenho problema nenhum também”, afirmou Bacellar à Folha.

No Rio de Janeiro, o PL pretende focar a eleição ao Senado, quando Flávio deve tentar a reeleição. A segunda vaga da sigla deve ser disputada entre Castro e o senador Cláudio Portinho (PL) —em 2026, serão eleitos dois senadores por estado.

A intenção da família Bolsonaro é buscar um nome que considerem fiel ao grupo, a fim de evitar traumas como o do governador Wilson Witzel, que se afastou do ex-presidente meses após assumir o Palácio Guanabara.

O alinhamento com o ex-mandatário e seus filhos já começou nas eleições municipais. Chefe do diretório fluminense da União Brasil, Bacellar consultou o grupo político para lançar o deputado Rodrigo Amorim (União Brasil) para a prefeitura da capital, onde o PL tem como pré-candidato Alexandre Ramagem.

A candidatura de Amorim recebeu não apenas autorização, mas estímulo de Flávio. O senador inclusive discursou no evento de lançamento da chapa do deputado, no último dia 27.

“Nós não nos curvamos ao projeto de Lula no Rio, que é o Eduardo Paes. Conto com você para essa frente ampla contra Paes e Lula”, disse o senador.

Bacellar expôs, em seu discurso no evento, o alinhamento da estratégia com a família Bolsonaro. “Ninguém está fazendo nada aqui pela porta dos fundos. Para esse projeto se concretizar, eu fui bater continência para o ex-presidente Jair Bolsonaro”, disse ele.

No PL, a avaliação é que a pulverização de candidaturas pode atingir Paes em diferentes flancos, evitando uma vitória no primeiro turno. Além de Amorim, também é visto com esse papel a candidatura do deputado Marcelo Queiroz (PP).

Em sua base eleitoral, Campos dos Goytacazes, Bacellar lançou como candidata a delegada Madeleine (União Brasil), com perfil mais bolsonarista do que a pré-candidatura apoiada pelo PL. A sigla do ex-presidente deve apoiar a reeleição do prefeito Wladimir Garotinho (PP).

A adesão de Bacellar aos Bolsonaro frusta uma ala do PT que via a descendência sindical do presidente da Assembleia como um sinal de que ele não se distanciaria da esquerda. O pai dele, Marcos Bacellar, foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Energia Elétrica do Norte e Noroeste Fluminense e também presidente da Câmara dos Vereadores de Campos.

“Não sou bolsonarista raiz. Não gosto dos exageros. Tenho minhas críticas, mas também tenho minhas convergências”, disse ele, em entrevista à Folha em abril.

Bacellar é apontado como a voz mais influente sobre Castro —para alguns, com um poder de decisão maior do que o próprio governador. A ele é atribuída a queda e nomeação de secretários, bem como a recente crise entre o chefe do Executivo e seu vice, Thiago Pampolha (MDB).


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