
Mulher foi atacada pela então patroa e mostrou, durante a entrevista, as marcas que ficaram devido às queimaduras. “Esse trem branco é água quente, queimado. Ela pegou uma bacia de água e jogou nas minhas duas penas. A água estava fervendo, até borbulhando”, acrescentou.
Além de ficar sem pagar o salário, a família recebeu o depósito do INSS em nome de Fátima Aparecida. O valor correspondia a um salário mínimo por mês. Foram os vizinhos quem denunciaram a situação análoga à escravidão.
A vizinha um dia foi falar comigo assim: ‘Ué, dona Fátima, eu acho que você tem dinheiro lá no banco, porque eu vi a mãe e a filha dela tirando o seu dinheiro com o seu documento’. A filha dela pegou e falou assim: ‘Não, ela tem dinheiro porque ela é meio doida, e a gente estava recebendo para ela e a gente estava dando para ela o dinheiro’. Eu nem sabia que eu estava recebendo esse dinheiro. Fátima Aparecida
Paulo Gonçalves Velozo, procurador do MPT em Minas Gerais, responsável pelo resgate da mulher de 54 anos, contou que sempre há um discurso por parte da família empregadora.
De que essas mulheres são como se fossem da família e, com o pretexto desse discurso, sonega dessas trabalhadoras direitos trabalhistas básicos, mas quando se observa, elas não vivem como um membro da família, estão alojadas em quartos precários, com condições precárias de subsistência. Paulo Gonçalves Velozo
Fátima Aparecida Ribeiro foi levada para uma casa em Uberlândia, no triângulo mineiro. O local serve como ambiente para resgatados em situação análoga à escravidão.