DestaqueUOL

Parlamento Europeu se transforma com ascensão da ultradireita em bloco de três cabeças, como o cão Cérbero mitológico.







Parlamento Europeu: Crescimento da Ultradirieita

Parlamento Europeu: Crescimento da Ultradirieita

A primeira sessão do novo Parlamento Europeu será nesta terça-feira (16), e o foco está na crescente ultradireita. Agora a segunda maior força na Casa, o campo político se transformou numa criatura de três cabeças, como o cão Cérbero da mitologia grega.

Na eleição do início de junho, o bloco Conservadores e Reformistas (ECR), liderado pela primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, emergiu como a principal força desse grupo. Ao longo da semana passada organizaram-se à direita de Meloni uma “ultra-ultradireita”, criada pelo premiê húngaro, Viktor Orbán, e uma “ultra-ultra-ultradireita”, sob comando da legenda extremista Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão).

O Legislativo da União Europeia é integrado por famílias de partidos de países diferentes com ideias em comum. Os dois novos blocos foram organizados por siglas que se elegeram de forma independente, sem pertencer a nenhuma dessas famílias –o Fidesz, de Orbán, e a alemã AfD.

Eles agora integram, respectivamente, os blocos “Patriotas pela Europa” e “Europa das Nações Soberanas”. Esse último defende uma agenda anti-imigração, antipacto verde, antifeminista, anti-LGBTQIA+ e contra o envio de ajuda militar para a Ucrânia.

Os três grupos têm divergências ideológicas e refletem uma briga de poder entre seus líderes. Na disputa por hegemonia, o líder húngaro saiu na frente. Ele criou o “Patriotas pela Europa” logo depois de Budapeste assumir, com estardalhaço, a presidência rotativa de seis meses da União Europeia, no início do mês.

Com a filiação da Reunião Nacional, partido da francesa Marine Le Pen, o bloco de Orbán ultrapassou o grupo de Meloni e se transformou no maior bloco da ultradireita no Parlamento, com 84 deputados.

Os publicitários do Fidesz criaram um slogan inspirado em Donald Trump –”Make Europe Great Again”, (“Faça a Europa grande de novo”, em português)— e um logotipo que reproduz o cubo mágico, brinquedo inventado pelo arquiteto húngaro Erno Rubik nos anos 1970. “Juntos somos mais fortes do que separados”, disse Janos Bóka, ministro responsável pela campanha, numa tentativa de explicar o simbolismo do cubo.

Orbán, no entanto, tem feito tudo para que a presidência húngara não passe despercebida. O líder aproveitou a cúpula da Otan (aliança militar liderada pelos EUA), em Washington, para se reunir com Trump na última quinta (11), dois dias antes do atentado contra o ex-presidente. Na foto que publicou na rede social, voltou a chamar sua viagem de Missão de Paz.

Segundo Dragomir, a tal missão tem interesses econômicos. “O governo de Orbán é sustentado por um grupo de oligarcas que são em parte financiados por fundos europeus. Crítico da União Europeia, ele quer diminuir essa dependência.”

Com suas 84 cadeiras, o Patriotas pela Europa tem cerca de 11% dos eurodeputados. Somados os blocos de Meloni e da AfD, a ultradireita chega a 25% do Parlamento. Ainda é pouco para fazer frente à aliança de centro, que domina a Casa com mais de 60% dos assentos, contando-se aí o apoio dos Verdes.

É, no entanto, um número expressivo e suficiente para conseguir cargos na burocracia de Bruxelas e defender agendas caras aos ultradireitistas, como o endurecimento das regras de imigração e o fim do pacto ambiental. Há igualmente preocupação em relação ao apoio à Ucrânia, tema pautado para esta quarta-feira (17). Orbán pretende discursar sobre sua ativa presidência, mas os líderes do bloco centrista tentam impedi-lo.


Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo