
O recente episódio de agressão durante o debate político trouxe à tona uma reflexão profunda sobre o estado atual de nossas mentes e corações. Marçal, o protagonista desse incidente, tornou-se o ponto central de discussão, como se fosse um canal de transmissão para ideias e emoções intensas.
Em sua obra “O Mal-estar na Civilização”, Sigmund Freud abordou o conflito entre os impulsos humanos em busca do prazer e as restrições impostas pela sociedade. Esse embate entre as forças vitais de Eros e as pulsões destrutivas de Tânatos revela a luta constante entre a busca pela satisfação pessoal e os limites impostos pela cultura e pela convivência em sociedade.
O surgimento de Marçal como figura proeminente reflete a doença que permeia nossas estruturas políticas e sociais. Ele não é apenas um indivíduo isolado, mas sim um sintoma de um mal mais profundo que aflige a sociedade como um todo.
Muitos enxergam em Marçal a personificação do instinto de destruição e da revolta contra um sistema político ineficaz e corrupto. No entanto, é fundamental compreender que somos todos responsáveis pela situação em que nos encontramos. A omissão e a conivência alimentam a manutenção desse status quo prejudicial a todos.
A sociedade clama por mudanças, mas ao mesmo tempo se acomoda na inércia do conformismo. É mais fácil delegar a outros a responsabilidade de transformar a realidade do que assumir o papel ativo de agentes de mudança. Essa postura passiva e complacente permite que políticos atuem em benefício próprio, muitas vezes contrariando os interesses da população que deveriam representar.
A indignação seletiva e a inação perante as injustiças do sistema político contribuem para a perpetuação de uma ordem desigual que beneficia poucos em detrimento da maioria. Marçal surge como um catalisador desse mal-estar coletivo, que surge da insatisfação e do descontentamento enraizados na sociedade brasileira.
É essencial não apenas analisar a figura de Marçal, mas sim compreender as causas que levaram ao seu surgimento. Ele não é a raiz do problema, mas sim um reflexo do nosso próprio descontentamento e da nossa inação diante das injustiças que nos cercam. Enquanto não mudarmos nossa atitude e assumirmos um papel ativo na transformação social e política, figuras como Marçal continuarão a ressurgir, evidenciando as feridas não cicatrizadas de uma sociedade doente.