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Conflito agrário em Douradina (MS): indígenas ocupam território retido por produtores rurais, resultando em confronto armado.

No último domingo (14), a cidade de Douradina, localizada no estado do Mato Grosso do Sul, foi palco de um intenso conflito entre produtores rurais e um grupo de indígenas guaranis e kaiowás. A disputa envolveu a ocupação de uma área reivindicada como território tradicional indígena, onde os guaranis e kaiowás decidiram retomar uma parte dos 12,1 mil hectares já demarcados para usufruto exclusivo dessas etnias. Cada hectare corresponde aproximadamente às medidas de um campo de futebol oficial.

Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Estado brasileiro reconheceu e delimitou os limites da futura Terra Indígena Panambi (GuyraKambi’y). No entanto, o processo de demarcação encontra-se paralisado desde 2011, quando a demarcação inicial, feita pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), foi anulada por uma sentença judicial da 1ª Vara Federal de Dourados.

A assembleia Aty Guasu, principal organização política e social das etnias guarani e kaiowá, divulgou uma nota justificando a retomada da área indígena, alegando longos anos de espera pela homologação e regularização do território ancestral. Segundo a Aty Guasu, os indígenas vivem em condições precárias, em barracos de lona, sofrendo ameaças e perseguições por parte dos latifundiários da região.

Durante a ocupação, um confronto ocorreu entre os indígenas e os fazendeiros locais, resultando em um indígena ferido por um tiro na perna. A Aty Guasu denunciou a violência e afirmou que os indígenas estão pedindo socorro, solicitando intervenção das autoridades competentes para garantir a segurança dos envolvidos.

A Polícia Civil está investigando o tiroteio, enquanto a Defensoria Pública da União está mobilizada para atuar diante dos graves acontecimentos em Douradina. A Defensoria pedirá a presença da Força Nacional no local do conflito, visando garantir a vida e a integridade física das pessoas envolvidas na disputa territorial. O Ministério dos Povos Indígenas e a Funai estão sendo contatados para contribuir com mais informações sobre o caso.

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