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Atentado a Trump reforça temores de aliados de Lula e fortalece Bolsonaro
No último sábado (13), o atentado contra o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou preocupações entre os aliados do presidente Lula (PT). O temor é de que esse episódio fortaleça o discurso de perseguição contra a direita no mundo e traga benefícios para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que sofreu um ataque a faca durante a campanha presidencial de 2018.
Além disso, os governistas acreditam que o atentado a Trump possa aumentar a pressão contra o atual presidente, o democrata Joe Biden, e aproximar o candidato republicano da vitória nas eleições americanas.
O ex-presidente Lula já havia manifestado seu apoio a Biden e expressou sua preocupação caso o atual presidente perdesse, afirmando que “a gente não tem noção do que ele vai fazer”. A comparação entre os ataques a Trump e a Bolsonaro foi feita pelo próprio ex-presidente brasileiro e repercutiu nas redes sociais, com postagens de aliados, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também se manifestou nas redes sociais, compartilhando fotos de Bolsonaro ferido pela facada em 2018 e de Trump com sangue no rosto. Em suas postagens, ela afirmou que “atentados são contra as pessoas de bem e conservadores”. Bolsonaro, por sua vez, ignorou outros episódios de violência política, como os tiros que atingiram a caravana de Lula em 2018.
Após o atentado, o ex-presidente brasileiro fez elogios a Trump, chamando-o de “maior líder mundial”. No entanto, vale ressaltar que Lula teve seu passaporte apreendido por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal). O ataque contra o ex-presidente americano ocorre em um momento delicado para Bolsonaro no cenário nacional, com reveses no Judiciário e investigações em andamento.
Apesar das comparações feitas pelos bolsonaristas e aliados de Lula, um partido ligado ao ex-presidente lembrou que Bolsonaro ficou hospitalizado e não compareceu aos debates presidenciais após o ataque, ao contrário de Trump que já recebeu alta. Ainda é incerto o impacto desse episódio nas eleições americanas, mas analistas destacam que a esquerda e o centro conseguiram se unir e derrotar a ultradireita em outras eleições, como as legislativas na França.
No cenário político brasileiro, membros de diferentes partidos descartam que o atentado contra Trump possa influenciar as eleições municipais no país, que ocorrerão em outubro. Tanto o senador Humberto Costa (PT-PE) quanto o presidente do PP, Ciro Nogueira, acreditam que o impacto será mínimo nas eleições brasileiras e que o pleito já está encaminhando para uma “vitória histórica”.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, por sua vez, destaca que o atentado terá influência nos Estados Unidos devido à revolta dos eleitores americanos. Já o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, pediu por uma convivência pacífica e democrática, afirmando que atos extremistas e violentos têm se repetido globalmente e que é urgente refletir sobre a necessidade de harmonia e diálogo.
Líderes governistas e o próprio presidente Lula repudiaram publicamente o ataque contra Trump, demonstrando preocupação com a violência política. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o líder do governo Lula no Congresso, senador Randolfe Rodrigues, destacaram a importância do diálogo e da democracia como pilares fundamentais para resolver conflitos políticos.
Por outro lado, aliados de Bolsonaro utilizaram o ataque a Trump para reforçar a tese de perseguição contra líderes conservadores, fazendo analogias com a facada sofrida pelo ex-presidente brasileiro. O discurso é semelhante ao utilizado para comentar as investigações contra Bolsonaro, destacando uma suposta atuação das elites política e jurídica para minar as mudanças implementadas pelo presidente no país.
Diante desse cenário, o episódio do atentado a Trump continua a gerar reflexões e debates em diversos setores políticos, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, sobre a segurança e a estabilidade democrática em tempos de polarização e extremismos.