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Rejeitando a volta ao passado idealizado, eleitores votam pelo humanismo e pelos direitos fundamentais em vitória contra extrema direita




Resultado por uma sociedade mais humana

Resultado por uma sociedade mais humana

Por João Silva

O resultado foi a derrota daqueles que vendiam a ideia de uma volta ao passado idealizado. Uma extrema direita que recorre à ideia do declínio do Ocidente como justificativa para impor sua visão de mundo e a supressão de direitos. Exatamente o mesmo argumento manipulado pelos nazistas a partir dos anos 20, na Alemanha.

Para esse segmento da sociedade, há um verdadeiro sentimento de pânico diante da constatação da perda de sua centralidade e de privilégios. Não são mais os mestres incontestáveis, os organizadores do mundo e autores inclusive dos mapas que nos guiam.

Como reação, tentam convencer a população a resgatar algo que simplesmente jamais existiu. Me pergunto: de qual passado falam? Daquele onde mulheres não votavam? Onde determinadas populações do mundo não tinham alma? Onde matar era justificado se o outro ser humano não rezava para o mesmo deus?

Vocês, em oposição a tudo isso, votaram pelo humanismo, pelo fim da história única, pelos direitos fundamentais.

Jardineiros da democracia, vocês transformaram em ação a tese de Lucie Aubrac, que insistia que a resistência deveria ser conjugada no presente. Como o amor, como fui ensinado recentemente.

A todos vocês, um profundo merci, repleto de esperança.

Após uma eleição polarizada e repleta de discursos inflamados, o resultado evidenciou a derrota daqueles que tinham como proposta uma volta a um passado idealizado. Esse grupo, identificado com a extrema direita, utilizava o declínio do Ocidente como justificativa para impor sua visão de mundo e restringir direitos fundamentais.

Paralelo a isso, muitos indivíduos dessa parcela da sociedade demonstravam um sentimento de pânico ao perceberem a perda de sua centralidade e privilégios. Não mais se viam como os detentores incontestáveis do poder, os únicos capazes de moldar o mundo de acordo com seus interesses.

Buscando reverter essa situação, tentavam persuadir a população a resgatar um passado que nunca existiu de fato. Mas qual passado estavam tentando resgatar? Um passado onde as mulheres não tinham direito ao voto? Onde determinados grupos populacionais eram desumanizados? Onde a violência era justificada pela falta de compartilhamento das mesmas crenças religiosas?

No entanto, em oposição a esse discurso retrógrado, houve aqueles que votaram em prol do humanismo, do fim da imposição de uma única narrativa histórica e dos direitos fundamentais de todos os cidadãos. Foram esses indivíduos, os verdadeiros jardineiros da democracia, que transformaram em ação os ideais de resistência no presente, conforme defendia Lucie Aubrac.

Portanto, a todos esses eleitores, um profundo agradecimento repleto de esperança no que está por vir. Que este resultado marque o início de uma sociedade mais inclusiva, justa e humana para todos.


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