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Negociado retorno do manto sem reivindicação de reparação ao Brasil gera debate sobre colonialismo entre ex-colônias e metrópoles.




Artigo: A volta do manto ao Brasil

A volta do manto, porém, foi negociada sem qualquer reivindicação do Brasil por reparação ou dentro do marco de questionamento do colonialismo, tema que tem mobilizado o debate entre ex-colônias e metrópoles.

O caminho optado pelo Itamaraty foi o tratar apenas um gesto de solidariedade e cooperação na reconstrução do acervo do Museu Nacional do Rio, incendiado em 2018. A consideração era que, se o tema da reparação fosse apresentado aos europeus, o debate ganharia outra dimensão e, eventualmente, não haveria um retorno.

Tudo começou quando o embaixador Rodrigo Azevedo Santos visitou o manto em 2021 e, logo depois, leu uma reportagem na revista Piauí de que nunca havia sido solicitado seu retorno ao Brasil.

Ao tirar a carga da questão colonial, ele ainda foi buscar dois apoios. Uma carta do povo tupinambá, chancelando o pedido de retorno da peça, e uma carta do Museu Nacional do Rio, indicando quais seriam os planos de exposição e que papel o item teria para a nova coleção.

Quando visitei o museu, em 2023, um de seus principais pesquisadores, Christian Pedersen, me explicou que a decisão foi “difícil e complicada”, mas esses fatores foram fundamentais para que a cúpula da instituição e o governo europeu dessem o sinal verde.

Naquele momento, o dinamarquês explicou que, depois de 300 anos como parte de sua coleção, a peça foi avaliada em termos de seu valor para o Brasil e o que ela representava num museu. “Entendemos a importância gigante que teria para indígenas e para o museu no Rio”, disse.

Análise da Situação

Diante da negociação da volta do manto ao Brasil, podemos observar que o Itamaraty optou por abordar a questão de forma estratégica, visando não causar atritos com os europeus e garantir o retorno da peça ao Museu Nacional do Rio. A não reivindicação de reparação ou questionamento do colonialismo demonstra uma postura diplomática que prioriza a cooperação e a reconstrução do acervo do museu.

A atuação do embaixador Rodrigo Azevedo Santos foi crucial nesse processo, ao buscar apoio tanto da comunidade indígena quanto do próprio museu, fortalecendo o pedido de retorno do manto. A decisão foi pautada na importância cultural e histórica da peça para o Brasil, evidenciando o valor simbólico que ela representa.

Com a aprovação da cúpula da instituição e do governo europeu, a devolução do manto se concretizou, culminando em um desfecho positivo para a preservação do patrimônio histórico brasileiro. O gesto de solidariedade e cooperação entre as partes envolvidas ressalta a importância do diálogo e do entendimento mútuo na busca por soluções para questões delicadas como essa.


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