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Brasil precisa expandir ecopontos para avançar na gestão de resíduos, afirmam especialistas em economia circular




Transição para Economia Circular: a importância dos Ecopontos

Transição para Economia Circular: a importância dos Ecopontos

A transição rumo a uma economia circular passa pela multiplicação de ecopontos, estruturas para o descarte de diferentes tipos de resíduos complementares à coleta seletiva porta à porta, cujos resultados são tímidos no Brasil. É o que dizem especialistas em gestão de resíduos ouvidos pela Folha.

Apenas 1 a cada 3 cidades brasileiras têm algum tipo de coleta seletiva de resíduos, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis).

Ecopontos são pontos de entrega voluntária (PEV) de resíduos distribuídos pela malha urbana. Eles podem receber recicláveis, móveis, eletroeletrônicos, lâmpadas, podas de árvores e entulho da construção civil, que lá são encaminhados adequadamente seja para reutilização, reciclagem ou tratamento específico, no caso de resíduos perigosos.

O Planares (Plano Nacional de Resíduos Sólidos) descreve os sistemas de coleta seletiva como fator importante de influência nos índices de recuperação de materiais recicláveis. No Brasil, só 4% dos resíduos coletados são reciclados.

“Estamos bem atrasados”, afirma Carlos Silva Filho, presidente da ISWA (Associação Internacional de Resíduos Sólidos) e conselheiro da ONU para o tema. “Ainda temos indicadores bastante tímidos para aproveitamento de resíduos, de reciclagem. Há uma evolução, mas muito lenta”.

Segundo ele, o Brasil precisa de programas para melhorar esses índices e para isso a expansão dos ecopontos é fundamental. Silva diz que as estruturas não apenas facilitam a destinação adequada de resíduos, mas também são instrumentos de engajamento.

Flavio de Miranda Ribeiro, professor e consultor em economia circular, conta que na Espanha existem ecopontos preparados para receber materiais em bom estado, como livros, roupas e objetos de casa. Até latas de tinta pela metade podem ser deixadas nesses locais para reaproveitamento.

Todas as fontes ouvidas pela reportagem disseram que tanto ecopontos como coleta seletiva precisam de divulgação e de campanhas de comunicação para engajar e sensibilizar os moradores em relação a esse ecossistema.

Para Valquíria Cândido da Silva, do Comitê de Catadores de São Paulo, os ecopontos são lugares de referência para o descarte de resíduos que as cooperativas não conseguem absorver. Mas também aponta para limites.

“Eles ficam cheios muito rápido e barram a nossa entrada por conta do volume”, afirma. “Precisariam agilizar a operação e ter uma estrutura melhor para receber o descarte”, avalia ela sobre os ecopontos da cidade de São Paulo.

Questionada, a Secretaria Municipal das Subprefeituras afirma ser permitido o descarte por dia de até um metro cúbico ou 20 sacos, o equivalente a um quarto de uma caçamba. Ao todo, o município tem 127 ecopontos.

De acordo com a secretaria, a medida visa impedir o uso indevido “de um espaço de todos”, de modo a evitar sobrecarga, já que cada unidade pode receber até 150 metros cúbicos de resíduos no total.


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