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ONU critica falta de transparência em mortes causadas pela polícia no Brasil e aponta tendência preocupante no país

A falta de transparência nas investigações sobre mortes causadas pela polícia no Brasil foi duramente criticada pelo representante regional do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos. Jan Jarab ressaltou a escassa transparência em relação à letalidade policial no país durante uma audiência realizada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que contou com a participação de representantes do governo federal, Judiciário e Ministério Público.

Jarab destacou a falta de investigação adequada das mortes provocadas pela polícia, tornando impossível distinguir os casos de legítima defesa dos casos de uso desnecessário ou excessivo da força. O protocolo de Minnesota, estabelecido pela ONU, visa investigar os homicídios para combater execuções extrajudiciais, mas sua aplicação no Brasil é questionada devido à falta de transparência.

Durante a audiência, foram abordadas denúncias apresentadas por movimentos sociais sobre a atuação das forças policiais brasileiras, incluindo as operações Escudo e Verão realizadas pela Polícia Militar de São Paulo. O representante da ONU destacou a falta de transparência nessas operações, que resultaram em um alto número de mortes, sem uma investigação adequada.

Além disso, relatos de familiares de vítimas de desaparecimentos forçados foram apresentados, evidenciando a falta de notificação desses casos devido à ausência de previsão legal no país. A diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, ressaltou a ineficácia do controle externo da atividade policial pelo Ministério Público, indicando que a maioria dos casos de homicídios cometidos por policiais são arquivados em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O coordenador do Sistema Único de Segurança Pública e a coordenadora-geral substituta de Segurança Pública e Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania mencionaram medidas para melhorar ações de prevenção à violência e apoio às famílias das vítimas. No entanto, as críticas à falta de transparência e investigação adequada nas mortes causadas pela polícia prevaleceram durante a audiência.

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