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Eleições em São Paulo: Boulos confiante em crescimento entre eleitores mais pobres e menos escolarizados, apesar da vantagem de Ricardo Nunes.





Entrevista com Guilherme Boulos sobre eleições em São Paulo

Entrevista com Guilherme Boulos sobre eleições em São Paulo

[Carolina Linhares]: Mas o senhor, a Fabíola bem disse, o senhor está empatado no público geral. Quando a gente olha para o público que está sofrendo as consequências dessa gestão que o senhor diz que não faz, que não investe, que tem problema de moradia, que tem problema de transporte, essas pessoas, os mais pobres e quem tem ensino fundamental, elas estão escolhendo o Ricardo Nunes. Nesse público, ele tem quase o dobro de intenção de voto que o senhor. Por que um candidato de esquerda não tem a votação do eleitor mais pobre e menos escolarizado?

[Guilherme Boulos]: Carol, veja uma coisa. Lembre-se da última eleição que a esquerda ganhou em São Paulo, Fernando Haddad em 2012. A essa altura do campeonato, o Haddad tinha 7% das intenções de voto, todas elas concentradas na classe média, mais de 5 e 10 salários mínimos. O público de menos de 2 salários mínimos é o último que se decide na eleição. Neste momento, quem está pensando em eleição é candidato e jornalista. A maioria da sociedade está pensando na sua vida cotidiana. E aí tem uma entrega de obra, uma entrega de asfalto. Isso tem um impacto na periferia, é inevitável, mesmo que seja eleitoreira, e as pessoas percebem, mesmo que seja superfaturada e as denúncias mostram, inclusive as denúncias aqui do UOL, sobre os contratos emergenciais que vocês repercutiram.

Agora, o tema é o seguinte, esse público vai se decidir quando a campanha começar. A maior parte do público de 0 a 2 salários mínimos, que está nas periferias sofrendo essas consequências, a maior parte desse público não sabe que o Ricardo é apoiado pelo Bolsonaro, não sabe que eu sou apoiado pelo Lula, não conhece ainda o xadrez eleitoral de São Paulo, não conhece as propostas de cada candidato.

Este público vai saber, olha que coisa, é o público onde eu ainda não cresci, mas é o público que eu tenho a minha menor rejeição. Então, esse público, eu não tenho a menor dúvida que nós vamos crescer. Aliás, essa configuração que alguns analistas têm apontado como uma desvantagem da minha candidatura, eu vejo como uma vantagem, porque o público que eu teria maior dificuldade de crescer, por razões do meu posicionamento, de estigma e de caricaturas que fizeram sobre mim, que é o público de mais de 5 salários mínimos, mais que 10 salários mínimos, é onde eu já estou com um percentual bom.

Esse público entendeu que a gestão de São Paulo hoje é medíocre e que a cidade precisa de mudança. Quando o debate chegar na população das periferias, na população mais pobre, é inevitável, como aconteceu nas outras eleições. Em 2020, para prefeito, onde foi minha maior votação?
No extremo da Zona Sul, eu ganhei do Bruno Covas, no Grajaú, Parelheiros, Campo Limpo, onde eu moro, Capão Redondo, Piraporinha.

[Carolina Linhares] Porque hoje o senhor não tem o voto nem dos eleitores do presidente Lula.


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