Estrutura da Abin foi usada para monitorar investigação sobre assassinato de Marielle Franco, conclui PF em relatório de investigação.
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Agentes foram designados para realizar essas buscas e durante a investigação foi descoberto que, em 2019, um dos policiais envolvidos chegou a imprimir o currículo da promotora. Além disso, foi encontrado um arquivo eletrônico de texto com um “controle de denúncias” relacionadas ao caso Marielle. Nesse arquivo, os agentes registraram o total de 292 denúncias, sendo que 192 mencionavam milicianos como autores do crime.
A PF concluiu que esse monitoramento foi realizado para antecipar eventuais referências que pudessem implicar o núcleo político do esquema ilegal de monitoramento na Abin, especialmente se a família Bolsonaro estivesse envolvida. O relatório das diligências ilegais foi impresso por Alexandre Ramagem, que na época era diretor da Abin e atualmente é deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro.
Essas revelações vêm à tona após o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito, determinar a retirada do sigilo da apuração nesta quinta-feira (11). A Agência Brasil tentou contato com a defesa do deputado Ramagem para comentar as acusações, porém, até o momento, não obteve resposta.
Essa conclusão da PF levanta graves questões sobre o uso ilegal de órgãos de inteligência durante o governo Bolsonaro e coloca em xeque a conduta dos agentes envolvidos no monitoramento do caso Marielle, deixando a sociedade em busca de respostas e medidas para garantir a transparência e a legalidade das investigações.