Estimativas da ONU apontam para possível pico demográfico no século
Recentes estimativas da divisão de população das Nações Unidas revelam um cenário em que o mundo pode atingir o pico demográfico ainda neste século, resultando em um declínio populacional global. Atualmente, um em cada quatro habitantes do planeta vive em países que já alcançaram o pico populacional, como China, Alemanha, Japão e Rússia. O Brasil, juntamente com países como Irã, Turquia e Vietnã, está previsto para atingir seu pico demográfico entre 2024 e 2054.
Com uma probabilidade de 80%, a ONU projeta que a humanidade atingirá seu pico populacional por volta de 2080, chegando a 10,3 bilhões de habitantes, e em seguida entrará em um declínio populacional gradual. Esse cenário representa uma mudança significativa em relação às projeções de uma década atrás, quando a probabilidade era de apenas 30%.
Os dados divulgados pela ONU esta semana fazem parte de projeções anuais calculadas com base em censos nacionais e estatísticas vitais de todos os países, além de pesquisas amostrais. Os fatores que influenciam o tamanho e a composição das populações incluem natalidade, fecundidade, mortalidade, migração e idade média ao ter filhos.
Um dos principais motivos para o cenário de declínio populacional é a redução das taxas de fecundidade, especialmente em países como China, que experimentou seu primeiro declínio populacional em 62 anos em 2022, com 850 mil habitantes a menos devido a um número maior de mortes do que de nascimentos.
Atualmente, a média de filhos por mulher no mundo é de 2,3, comparada a 3,3 em 1990, e metade dos países apresentam taxas de fecundidade abaixo do nível de reposição de 2,1 filhos por mulher. Alguns países, como China, Espanha, Itália e Coreia do Sul, têm taxas de fecundidade consideradas ultrabaixas pela ONU, impossibilitando o retorno ao nível de reposição nos próximos 30 anos.
Os impactos desse declínio populacional são sentidos em diversas áreas, desde econômicas até estruturais, com preocupações em relação à estrutura etária das populações. A expectativa é que, até o fim do século, a fatia da população com 65 anos ou mais seja maior do que a de pessoas com menos de 18 anos.
Apesar dos desafios que o declínio demográfico pode trazer, a ONU destaca aspectos positivos, como possíveis reduções nas pressões ambientais devido a um menor consumo agregado. A Índia, por sua vez, ainda tem espaço para crescimento populacional, com previsão de atingir o pico demográfico em 2062, e a migração continuará a ser um fator determinante na composição demográfica global.
