
Procurador-Geral da República analisa relatório da PF pessoalmente
Em meio a especulações e pressões da opinião pública, o atual Procurador-Geral da República, Gonet, decidiu não delegar a decisão sobre o relatório da Polícia Federal a um auxiliar e pretende examiná-lo pessoalmente. Assessores próximos afirmaram que ele estava de férias até ontem (8) e que pretendia retornar ao trabalho nesta semana.
Com um estilo que lembra o do procurador que denunciou o escândalo do mensalão em 2006, Gonet tem se mostrado cauteloso e preciso em suas ações. Ao contrário do ritmo frenético da imprensa, ele preza pela consistência e qualidade nas acusações apresentadas. Seu antecessor, Antonio Fernando, também seguia essa linha, o que culminou em condenações de 25 réus no final do processo.
Apesar das pressões externas, o Procurador-Geral tem se mantido firme em seu propósito de não ceder à pressão midiática. Em março, Gonet recebeu um prazo de 15 dias para decidir sobre uma possível denúncia contra Bolsonaro, referente ao caso da fraude nos cartões de vacina. Em abril, solicitou mais tempo para aprofundar as investigações, demonstrando sua dedicação à busca por evidências sólidas.
No caso das joias, a Polícia Federal ainda não concluiu as perícias necessárias. Após divulgar um relatório inicial indicando um prejuízo de R$ 25 milhões, houve uma correção para R$ 6,8 milhões. Gonet certamente busca evitar erros que possam comprometer as investigações.
Caso decida não apresentar denúncia com base no relatório da PF, Gonet não estará inovando. Em 2018, a então Procuradora-Geral, Raquel Dodge, denunciou o ex-presidente Michel Temer ao STF no último dia antes do recesso judicial, demonstrando que a cautela e o cuidado nas acusações são fundamentais em casos de grande repercussão.