
Lideranças indígenas defendem um marco ancestral
Desde que o marco temporal começou a ser debatido no Senado, lideranças indígenas se mobilizaram contra a emenda. Para eles, o texto desconsidera populações indígenas que foram expulsas de suas terras antes da promulgação da Constituição.
“O marco é ancestral”. A APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e a Atyguasu (Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani) mobilizam manifestações por todo o país contra a proposta. Em nota, a APIB afirmou que os direitos dos povos indígenas estão sendo “atacados” e que o Congresso está ignorando os direitos aos territórios e à vida.
Na última segunda-feira (8) 100 lideranças indígenas se reuniram em assembleia para construir um plano de atuação contra o marco temporal. Em entrevista ao UOL, o coordenador executivo da APIB, Dinamam Tuxa contou que boa parte dessas lideranças já estão em Brasília e que os povos indígenas vão resistir à votação.
“Vamos voltar a nos manifestar em todo o país”, disse o líder do povo indígena Tuxá, que sempre viveu na divisa entre os estados de Pernambuco e Bahia. “Temos que ocupar as ruas e as Brs, precisamos dar visibilidade para as consequências dessa emenda, que não prejudica apenas os povos indígenas, mas todos os brasileiros.”
As lideranças indígenas afirmam não terem sido ouvidas na construção do projeto de lei. “É um processo arbitrário, essa pauta fere nossos direitos fundamentais, por isso o STF julga como inconstitucional”, explica Dinamam Tuxá. Ele conta que já existe uma descrença das lideranças com o Congresso “nunca sentamos para dialogar com o Congresso”, completa, “os direitos dos povos indígenas não se negociam.”