
Os desdobramentos políticos na França após as eleições recentes têm gerado intensos debates entre analistas e lideranças políticas. A expectativa inicial era de que o presidente Emmanuel Macron respeitasse o resultado das urnas e permitisse que a esquerda assumisse o governo em uma situação de coabitação. No entanto, segundo a maioria dos especialistas, essa transição não seria tão simples.
O cenário apresenta desafios significativos, especialmente quando se considera a falta de maioria na Assembleia Nacional e as propostas da esquerda, que envolvem medidas como aumento do salário mínimo, do funcionalismo e o adiamento de pontos da reforma das aposentadorias. Tais ações poderiam agravar o déficit público francês e ter repercussões na zona do euro, conforme aponta o jornal Les Echos.
Enquanto isso, o Libération destaca as divisões internas na esquerda, com Jean-Luc Mélenchon pleiteando o cargo de primeiro-ministro. Por outro lado, Jean-Pierre Raffarin, ex-primeiro-ministro de direita, sugere uma possível coalizão entre o bloco centrista de Macron e deputados de direita, o que ainda estaria longe da maioria necessária na Assembleia.
Com negociações em andamento para definição dos cargos nas comissões da Assembleia, o foco está em evitar que a extrema-direita conquiste postos de destaque. A Reunião Nacional, liderada por Marine Le Pen, apesar de encerrar em terceiro lugar, se destacou como o partido com maior número de deputados eleitos e de votos recebidos.
Diante desse cenário incerto, Macron decidiu manter Gabriel Attal como primeiro-ministro, após sua renúncia. O presidente francês viajará para os Estados Unidos para participar da cúpula da Otan em Washington, em meio a uma situação política delicada em seu país.