Lançamento do Foguete Ariane 6: Europa busca restaurar acesso ao espaço

No dia 9 de novembro, será realizado o lançamento espacial europeu mais aguardado dos últimos anos. O foguete Ariane 6, desenvolvido pela Arianespace sob encomenda da ESA, tem como objetivo restabelecer o acesso independente e pleno ao espaço após a aposentadoria de seu antecessor em 2023.

O Ariane 6 foi projetado em duas configurações, com dois ou quatro propulsores auxiliares de propelente sólido, para atender às demandas anteriormente supridas pelo foguete russo Soyuz e pelo Ariane 5. A versão que será lançada, denominada Ariane 62, tem capacidade para transportar até 10,3 toneladas para órbita terrestre baixa, enquanto a versão mais potente, Ariane 64, pode levar até 21,6 toneladas.

O lançamento inaugural está agendado para acontecer entre às 15h e 19h (horário de Brasília), e o foguete levará apenas satélites e experimentos de pequeno porte como parte de um teste. No entanto, o diretor-geral da ESA, Josef Aschbacher, alerta que, estatisticamente, existe uma chance de 47% de falha no primeiro voo de um novo foguete.

O novo Ariane 6 apresenta tecnologias herdadas do Ariane 5, como o motor Vulcain no primeiro estágio e os propulsores auxiliares utilizados no foguete Vega-C. O segundo estágio do Ariane 6 traz inovações, como o motor Vinci, movido a hidrogênio e oxigênio líquidos, capaz de se reacender diversas vezes para facilitar a entrega de satélites em órbitas variadas durante a mesma missão.

Competitividade

O desenvolvimento do Ariane 6, iniciado em 2014, está quatro anos atrasado, gerando pressão por um lançamento bem-sucedido. O objetivo do novo lançador é recuperar a capacidade perdida com o Ariane 5, mas a um custo 40% menor. A ESA fornece um subsídio anual de até US$ 365 milhões para as operações do veículo, visando manter a autonomia europeia em lançamentos espaciais.

A escolha de não incluir reutilização no design do Ariane 6 foi considerada controversa, pois a SpaceX tem dominado o mercado com foguetes reutilizáveis. No entanto, a ESA justifica que, para sua escala de operações planejadas, a reutilização não traria grandes benefícios.

A expectativa é que, após o primeiro voo bem-sucedido, o Ariane 6 inicie lançamentos comerciais no final deste ano. A Arianespace tem planos ambiciosos para aumentar o número de voos anuais nos próximos anos, visando atingir uma cadência de nove lançamentos por ano até 2029.