
Crise política na França: primeiro-ministro entrega o cargo
O primeiro-ministro da França, Gabriel Attal, entregou o cargo ao presidente Emmanuel Macron na manhã desta segunda-feira (8). Seguindo o protocolo oficial, a renúncia ocorreu após a derrota do governo no segundo turno das eleições legislativas.
Macron solicitou a Attal que permanecesse no cargo até que fosse definida uma maioria parlamentar. Existe a possibilidade de que Attal permaneça até o início das Olimpíadas de Paris, que estão marcadas para daqui a duas semanas. Com apenas 35 anos, Attal foi o primeiro-ministro mais jovem da história da França, ocupando o cargo por apenas seis meses.
No pleito, nenhum grupo conseguiu obter a maioria absoluta na Assembleia Nacional, que é composta por 577 cadeiras. O parlamento ficou dividido em três grandes blocos: esquerda, centro e ultradireita. Até o momento desta segunda-feira, ainda não era conhecido quem seria o novo primeiro-ministro.
A coalizão governista, Juntos, liderada pelo partido de Macron, Renascimento, conquistou apenas 168 assentos, em comparação com os 250 deputados que possuía anteriormente. A Nova Frente Popular (NFP), formada por partidos de esquerda, extrema-esquerda e ecologistas, obteve 182 cadeiras. Já a Reunião Nacional (RN), maior partido de ultradireita, e seus aliados ficaram em terceiro lugar, com 143 vagas.
O resultado eleitoral foi uma surpresa, uma vez que a RN e seus aliados haviam sido os mais votados no primeiro turno uma semana antes, com 33% dos votos. A mobilização intensa do eleitorado, com 67% de comparecimento, o maior em quatro décadas, e o apoio mútuo entre candidatos de esquerda e centro, conhecido como “frente republicana”, impediram a vitória da ultradireita.
A frente republicana, no entanto, estava ameaçada de se desfazer menos de 24 horas após a divulgação dos resultados. Membros do partido de Macron propuseram uma aliança de centro, esquerda e direita, excluindo o maior partido da NFP, A França Insubmissa, liderada por Jean-Luc Mélenchon, considerado de extrema-esquerda e acusado de antissemitismo.
Os líderes da NFP anunciaram uma reunião ao longo desta segunda-feira para discutir um nome de consenso para o cargo de primeiro-ministro, que seria então proposto ao presidente Macron para nomeação, de acordo com a Constituição francesa. Na manhã desta segunda-feira, um caminhão de mudanças foi visto chegando ao Hôtel Matignon, residência e local de trabalho do primeiro-ministro.