
Durante grande parte da vida, o pesquisador e jornalista Judas Tadeu de Campos escreveu principalmente sobre dois personagens: um deles foi o município de São Luiz do Paraitinga, no Vale do Paraíba, com sua religiosidade e suas festas de rua. O outro foi a figura do morador do interior paulista, o homem do campo que viu a vida se transformar nas últimas décadas.
“Tadeu se notabilizou por ter se dedicado à divulgação do papel do caipira na história e na política social de São Paulo”, disse ao Estadão o economista e empresário Roberto Teixeira da Costa, amigo do jornalista.
Descrito como generoso, pacato e de inteligência acima da média, Tadeu de Campos escreveu textos que chegaram às casas de milhares de brasileiros. Ele faleceu em setembro do ano passado, aos 78 anos, e agora recebe uma homenagem.
A obra Judas Tadeu de Campos, feita por Teixeira da Costa em parceria com Fabio Pahim Junior e Roseli Mayan, tem prefácio assinado por Geraldo Alckmin, vice-presidente da República.
As cem páginas do livro reúnem informações sobre Tadeu de Campos e trazem anexos de reportagens escritas para o Estadão, fotos e depoimentos de quem o conheceu de perto.
Além disso, o livro contém uma coletânea de textos do próprio jornalista que contam a história de São Luiz do Paraitinga do ponto de vista econômico, cultural e social.
“Escrevi este livro por entender que nós brasileiros não damos a devida dimensão às pessoas que se destacaram pelo seu trabalho e visão”, disse Teixeira.
O talento de Tadeu de Campos para transmitir conhecimento não era por acaso. Além de jornalista, foi professor.
Ele se formou em Pedagogia em 1979, fez mestrado e doutorado em Educação e foi autor de dois livros sobre São Luiz do Paraitinga.
Uma região diferente das vizinhas
Um dos elementos principais deste livro-tributo é como a narrativa sobre São Luiz do Paraitinga se forma a partir do olhar do repórter, valorizando os feitos da população local e os descuidos do poder público.
Por meio de textos escritos pelo próprio Tadeu de Campos, é possível entender por que a cidade difere de áreas vizinhas, como Taubaté e São José dos Campos.
No Alto do Paraíba, onde está Paraitinga, “existe um modo de vida muito diferente”, descreve Tadeu de Campos. Esse perfil distinto inclui manifestações culturais e festas tradicionais ligadas à religiosidade popular.
O educador e jornalista costumava afirmar que um dos maiores símbolos da cultura caipira é a Festa do Divino Espírito Santo, realizada até hoje na cidade.
De olho no interior
Tadeu de Campos produziu reportagens para o Estadão valorizando o interior, promovendo cidades como opção de passeio e abordando temas como mobilidade urbana, segurança pública e consequências de desastres climáticos.
Sua última colaboração para o jornal foi uma reportagem sobre o centenário de morte de Oswaldo Cruz.
Serviço – Lançamento do livro
O autor do livro sobre Tadeu de Campos promoverá eventos para lançamento do livro em São Paulo e São Luiz do Paraitinga.