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O documento relata ainda que os adolescentes disseram ter sido abordados pelos agentes armados. Segundo os jovens à comissão, os agentes com suas armas em punho, colocando-as próximas dos rostos dos adolescentes, perguntando o tempo todo, “cadê” “cadê”? Os meninos, sem entenderem o que estava acontecia, por óbvio, não responderam à pergunta”, diz o ofício.
Documento traz relatos dos jovens sobre revista vexatória por parte dos policiais. “O que teria irritado ainda mais os policiais, que teriam feito os rapazes levantar suas partes íntimas, numa revista vexatória em busca de entorpecentes. Frustradas as buscas, policiais ainda disseram aos jovens que da próxima vez seria pior, de acordo com relato dos mesmos”, diz outro trecho do documento. “A abordagem vexatória e truculenta indica uma abordagem motivada por racismo, comum na prática da policial no estado do Rio”, diz o ofício.
A Comissão atendeu os adolescentes na sexta-feira e diz estar em contato com as famílias. A deputada se referiu ao episódio como “deplorável ato de racismo policial.” Ela disse também que cobrará da PM respostas claras sobre as medidas que serão adotadas. “É inaceitável que abordagens racistas ainda ocorram no Rio de Janeiro a partir das forças de segurança. Este é mais um exemplo das experiências diárias enfrentadas por jovens negros no estado.”
Os jovens encontram-se profundamente traumatizados com o episódio que pode se desdobrar em rupturas significativas em suas subjetividades. Estão evitando sair às ruas, temendo se depararem com viaturas da Polícia Militar e o episódio se repetir, sobretudo por terem sido ameaçados de passarem por um episódio ainda mais violento.
Dani Monteiro, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania
‘Ação racista e criminosa’, diz mãe
Os jovens, que têm entre 13 e 14 anos, foram colocados contra a parede e tiveram armas apontadas contra eles. Os meninos passam férias no Rio de Janeiro. Segundo o relato da mãe de um dos jovens, seu filho e os demais, filhos de diplomatas do Canadá, Gabão e Burkina Fasso, planejaram o passeio durante meses.