
Geração Z: alta rotatividade no mercado de trabalho
Um levantamento inédito da Gupy, plataforma de recrutamento amplamente utilizada no Brasil, revelou que os integrantes da geração Z estão mudando de emprego com maior frequência do que a média dos profissionais no país. Segundo a pesquisa, jovens entre 18 e 24 anos permanecem, em média, cerca de nove meses em uma empresa, enquanto as gerações anteriores tinham uma média de dois anos de permanência.
O estudo, que ouviu funcionários de empresas que utilizam a plataforma Gupy Clima & Engajamento, apontou que essa alta rotatividade impacta as finanças das corporações. Tatiana Angelotto, gerente da área de carreiras do Insper, ressaltou que as empresas investem significativamente no desenvolvimento desses jovens talentos e, por isso, buscam maneiras de retê-los.
De acordo com Guilherme Dias, cofundador da Gupy, as corporações precisam oferecer mais desafios e mobilidade interna para manter os jovens da geração Z. Ele destacou que esses jovens não buscam a mesma estabilidade de carreira que as gerações anteriores e preferem novos desafios constantemente.
O levantamento também indicou que o setor de tecnologia é o que apresenta o maior índice de turnover voluntário entre os jovens, com 7% de desligamentos, seguido pelo varejo e atacado com 4,6%. Em seguida, aparecem a indústria (2,7%) e o agronegócio (2,2%).
Raphael Tacla, de 28 anos, que trabalha na área de tecnologia há 12 anos, compartilhou sua experiência de mudanças frequentes de emprego devido à alta demanda por profissionais nesse setor. Ele destacou a importância de cargos com horários flexíveis e a possibilidade de trabalho remoto, mesmo abrindo mão de benefícios tradicionais.
O estudo “Carreira dos Sonhos de 2024”, realizado pela Cia de Talentos, também apontou que os jovens têm mudado mais de empresas nos últimos anos. Enquanto 35% da geração Z trabalhou em apenas uma empresa em um período de cinco anos, 62% dos baby boomers atuaram em uma única organização durante o mesmo tempo.
Danilca Galdini, diretora de Insights da Cia de Talentos, destacou que os pedidos de demissão no Brasil cresceram significativamente a partir do final de 2022, influenciados pela reflexão sobre o impacto do trabalho na vida das pessoas, especialmente entre os jovens.
Thaís Paixão, arquiteta de 27 anos, que vive no interior do Nordeste, relatou suas sete trocas de emprego em dois anos, ressaltando a falta de plano de carreira e benefícios essenciais em algumas empresas. Ela destacou a importância de benefícios flexíveis e do trabalho híbrido para as novas gerações.
Segundo Guilherme Ceballos, sócio da Eureca, dois fatores que levam os jovens a desistirem de processos seletivos são a falta de alinhamento com as expectativas de trabalho e a oferta não competitiva de benefícios e remuneração. Ele ressaltou que a busca por estabilidade está mais relacionada à sustentabilidade financeira do que à permanência em uma única empresa.
A estudante Fernanda Canaan, de 24 anos, compartilhou sua experiência como garçonete free-lancer, destacando a falta de remuneração adequada e sobrecarga de trabalho como motivos para mudanças frequentes de emprego. Ela ressaltou a importância de benefícios essenciais e de um ambiente de trabalho adequado.