
O Presidente Biden reiterou aos eleitores que ele foi escolhido como candidato e não outro democrata. “Vocês votaram em mim para ser seu candidato, e em mais ninguém. Vocês, os eleitores, fizeram isso. E, apesar disso, algumas pessoas parecem não se importar em quem vocês votaram. Bem, adivinhem, eles estão tentando pressionar, deixe-me dizer isso da forma mais clara possível: vou continuar na corrida”, completou.
Possibilidades e dificuldades
O desempenho de Biden acendeu um alerta no Partido Democrata. Com a voz rouca, uma gagueira persistente e frases confusas, o presidente deixou uma imagem oposta à mostrada por seu rival, que adotou um tom claro e enérgico no debate na CNN. Desde então, vários democratas têm demonstrado preocupação e sugerido — de forma anônima — que Biden abandone a disputa. Doggett, de 77 anos, é o primeiro a falar sobre isso abertamente.
Os democratas têm até a Convenção Nacional para definir o candidato. No evento, que acontece entre os dias 19 e 22 de agosto, o partido apresentará e oficializará o nome de quem concorrerá contra Trump nas eleições de novembro. Analistas com quem o UOL conversou explicaram ser “praticamente impossível” que os democratas consigam substituir Biden — se assim o quiserem — sem que o próprio presidente se retire da disputa, algo que ele já jurou diversas vezes que não faria.
Uma possível desistência de Biden seria a solução mais viável, mas é pouco provável. O democrata pode se retirar da disputa pela reeleição e continuar no cargo até o fim de seu mandato, mas seria uma situação bastante incomum: na história dos EUA, isso só aconteceu uma vez, em 1968, com o então presidente (e também democrata) Lyndon Johnson. Em caso de desistência, uma disputa seria aberta dentro do partido, uma vez que nem Biden, nem qualquer outra pessoa poderia nomear um sucessor.
O Partido agora enfrenta uma ‘sinuca de bico’, segundo especialistas. Por um lado, tirar Biden da disputa enfraqueceria ainda mais sua imagem, reforçando a tese dos republicanos de que o presidente não é capaz de governar os EUA por mais quatro anos. Por outro lado, faltando menos de dois meses para a convenção democrata e pouco mais de quatro meses para a eleição, “qualquer candidato agora vai sair em grande desvantagem em relação a Trump”, disse ao UOL Adriano Cerqueira, professor de Relações Internacionais do Ibmec-BH.