O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá se reunir nesta quarta-feira (3) com ministros da área econômica para discutir medidas de corte de gastos em um momento em que suas próprias declarações estão limitando as opções viáveis para alcançar esse objetivo.
Com diversas falas de Lula vetando medidas ou criticando o Banco Central, auxiliares do presidente estão defendendo a moderação nas declarações do petista para evitar um agravamento ainda maior da situação econômica.
Nos últimos dias, a cotação do dólar subiu devido à incerteza dos agentes do mercado em relação à direção fiscal do Brasil. O receio é de que esse movimento possa impactar a economia real, aumentando os preços dos produtos e levando o Banco Central a elevar as taxas de juros básicas, atualmente em 10,50% ao ano, para conter a inflação.
Lula já se pronunciou publicamente contra mudanças na política de valorização do salário mínimo, que afeta a Previdência Social, e a desvinculação entre benefícios sociais e o salário mínimo nacional. Ele também descartou limitar o crescimento dos gastos em Saúde e Educação, que são alguns dos maiores componentes do Orçamento.
Depois de apostar em um ajuste fiscal baseado nas receitas, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) passou a defender também medidas relacionadas às despesas. No entanto, essa opção foi questionada após Lula afirmar na semana passada que primeiro precisa “saber se precisa efetivamente cortar” gastos.
Integrantes do Ministério da Fazenda estão preocupados com as declarações do presidente e preveem desafios para convencer Lula sobre a necessidade dos cortes de gastos.
As declarações de Lula têm deixado o ministro sem margem de manobra para coordenar as expectativas e controlar a escalada do dólar, o que é compartilhado por pessoas próximas a Haddad.
