
por Ana Trigo*
No mês de junho de 2024, a população mais vulnerável do Brasil foi duramente afetada por diversas questões que vão muito além de temas econômicos. Enquanto os jornalistas de economia discutem assuntos distantes da realidade das ruas e periferias, políticos que se autodenominam cristãos revelam um choque entre suas ações e os ensinamentos de solidariedade do Cristo.
Recentemente, o deputado federal Sóstenes Cavalcante, autor do PL 1904, conhecido como PL do estuprador, mudou seu discurso após pressão popular, tentando amenizar o impacto de suas propostas. Enquanto figuras como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro falam sobre o aborto legal de forma mais acolhedora, ainda há ameaças concretas à aplicação da lei e à proteção das mulheres mais vulneráveis.
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Além disso, na cidade de São Paulo, o vereador Rubinho Nunes propôs um projeto de lei que penaliza quem distribui comida para pessoas em situação de vulnerabilidade, um ato que deveria ser de solidariedade e apoio. Após críticas, o vereador recuou, alegando que sua intenção era apenas regular a distribuição com critérios de higiene, mas a polêmica permanece.
Esses episódios destacam a distância entre a retórica e ações políticas que impactam diretamente os mais necessitados. Enquanto discursos vazios são proferidos em nome da fé e da moral, a realidade das ruas revela um cenário de exclusão e desamparo que contradiz completamente os valores humanitários e cristãos.