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Desistências em massa na corrida eleitoral agitam o cenário político na França, com divergências sobre frente republicana.

Decisões políticas agitam cenário eleitoral na França

De acordo com um balanço do Le Monde, mais de 180 candidatos já desistiram da corrida eleitoral até a noite de segunda-feira (1°), sendo 121 da esquerda e 60 do campo governamental. O diário ressalta que alguns membros da coligação governamental e até mesmo do próprio Executivo se recusam a dar espaço para candidatos do partido de esquerda radical França Insubmissa, considerando-o “extremista”. Durante uma reunião convocada por Macron na segunda-feira, ministros oriundos da direita defenderam o bloqueio tanto ao Reunião Nacional quanto à França Insubmissa, equiparando as duas legendas.

Falta de consenso preocupa

“Desista, prove que você resiste”, estampa a manchete do jornal progressista Libération, acompanhada de uma foto de Macron. O diário faz um jogo de palavras com uma música famosa da cantora francesa France Gall, evocando a estratégia para enfrentar a extrema direita no segundo turno, porém parte do campo governamental enfrenta dificuldades. O Libé destaca que, diante do perigo representado pelo Reunião Nacional, candidatos da esquerda estão se unindo ao movimento “sem hesitar”, mas os apoiadores de Macron também precisam se sacrificar, evidenciando que a falta de adesão do campo governamental “apenas aumenta a confusão”.

O jornal Le Figaro destaca que a ideia da “frente republicana” não é consensual entre os altos escalões do governo, mesmo com o fracasso da coligação de Macron no primeiro turno das eleições legislativas, que obteve apenas 20,76% dos votos. “As desistências da esquerda estão salvando muitos candidatos macronistas”, reconhece o diário.

Em entrevista, o ministro da Economia, Bruno Le Maire, assume a derrota do último domingo e expressa sua preocupação em evitar que a extrema direita conquiste a maioria absoluta na Assembleia Legislativa. No entanto, ele reforça sua oposição a uma coalizão com o partido de esquerda radical França Insubmissa, que ele classifica como “divisivo e antissemita”. “Devemos combater o Reunião Nacional com nossos valores e convicções, não com os valores do França Insubmissa”, ressalta.

Responsabilidade e compreensão em foco

“Tempo de responsabilidade” é o mote do jornal La Croix, que faz um apelo ao abandono de candidaturas em prol de um bloqueio à extrema direita. Ao mesmo tempo, o jornal reconhece que o Reunião Nacional se tornou o partido mais representativo da população francesa. Portanto, é necessário que os governantes, sem abrir mão de seus valores, respondam aos problemas que levam parte do eleitorado a escolher a extrema direita: desemprego, baixos salários, falta de poder aquisitivo, sensação de abandono e desconfiança nas promessas republicanas.

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