DestaqueUOL

Mudança na legislação revela caminho inverso do ouro ilegal: da Venezuela para o Brasil, apontam investigações jornalísticas.


Investigações apontam mudança de rota para lavagem de ouro ilegal na Amazônia

De acordo com as autoridades, uma mudança significativa foi identificada no processo de lavagem de ouro ilegal na região amazônica. Antes, o minério era proveniente de outros países ou retirado de áreas protegidas, como terras indígenas, e registrado em processos de mineração de fachada. Em 2021, o Ministério Público Federal no Pará solicitou a suspensão das três principais DTVMs atuantes no país após uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais identificar indícios de lavagem em 49 toneladas de ouro ilegal em garimpos amazônicos, entre os anos de 2019 e 2020.

Com as mudanças na legislação e o aumento das operações de órgãos de controle, o ouro ilegal parece estar seguindo um caminho inverso. Em novembro do ano passado, a Polícia Federal desmantelou um esquema de transporte de ouro ilegal não lavado para a Venezuela. No entanto, as ações do governo venezuelano trouxeram restrições ao comércio de ouro, sendo aliviadas e posteriormente reforçadas em janeiro deste ano, após suspeitas de perseguição a opositores políticos.

O perito criminal da Polícia Federal em Santarém (PA), Gustavo Geiser, destacou que a nota fiscal eletrônica e o fim da presunção da boa fé dificultaram significativamente a lavagem de ouro. Isso levou o comércio do minério ilegal a migrar para vendas sem documentação, culminando em diversas apreensões de ouro comercializado sem registros. Segundo o MPF, houve um aumento na circulação e exportação de ouro ilegal não lavado, que é posteriormente “esquentado” em países vizinhos ou em locais com legislação mais permissiva.

Recentemente, fiscais da Receita Federal encontraram 5 quilos de ouro em pó não declarados misturados a uma carga de 15 toneladas de carvão ativado no Porto de Santos (SP), levantando suspeitas de ilegalidade no comércio do minério precioso. Além disso, a colaboração internacional Opacidade Dourada, liderada pela organização de jornalismo investigativo Convoca, do Peru, em parceria com a Repórter Brasil e outros veículos da América do Sul, está publicando uma série de reportagens revelando as formas de lavagem de dinheiro em cinco países da região.


Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo