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TIAGO RODRIGUES REINVENTA CLÁSSICO GREGO EM CENÁRIO HISTÓRICO DE AVIGNON
Na prestigiosa Carrière de Boulbon, palco que já testemunhou a encenação de The Mahabharata por Peter Brook, o aclamado diretor Tiago Rodrigues traz à vida a tragédia de Hécuba, antiga rainha de Troia transformada em escrava após a queda da cidade. Em Hécuba, não Hécuba, Rodrigues mergulha na complexa psicologia dos personagens, rompendo com a tradicional narrativa trágica para dar voz à intimidade e aos sentimentos de seus protagonistas.
“Com Hécuba, Eurípedes revolucionou a tragédia clássica ao explorar a dimensão psicológica de seus personagens como nunca antes. Esta obra representa uma ruptura com o padrão estabelecido, permitindo uma leitura mais profunda e sensível dos protagonistas”, afirma Rodrigues, que assumiu a posição de diretor-geral do Festival de Avignon em 2023.
No centro dessa reinvenção está a personagem de Nadia, interpretada com maestria pela renomada atriz Elsa Lepoivre, da icônica Comédie Française. Nadia, que ensaia o papel de Hécuba, vê sua vida pessoal se entrelaçar com a trama da peça ao lutar pela justiça de seu filho autista nos tribunais, diluindo as fronteiras entre realidade e ficção de forma cativante e provocativa.
Para Rodrigues, Hécuba não é apenas uma figura trágica, mas também um símbolo político que questiona a aceitação da vulnerabilidade pela sociedade. Através da lente da atriz e de sua personagem, o diretor aborda questões de justiça, humanidade e a relação com as leis e valores sociais.
Esta não é a primeira incursão de Rodrigues nos clássicos, mas em Hécuba, não Hécuba, ele busca trazer uma nova leveza à tragédia, contando com a habilidade fluente dos atores da Comédie Française, incluindo o reconhecido Denis Podalydès. A obra é um tributo à força da imaginação e da interpretação teatral, capturando a essência atemporal e poderosa do drama grego.