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“Não tem a ver com questão ideológica, nem com governo. Essa emigração tem, na ponta, uma questão que é global, dessas novas dinâmicas do emprego. Nesses países de destino, na Europa, Canadá, Estados Unidos, a transição demográfica está avançada e eles não têm mais jovens. Eles vão absorver a mão de obra qualificada deles e, para os serviços secundários, eles vão precisar de uma mão de obra migrante”, afirma a pesquisadora.
A tabela exibida no post viral lista os 24 países com maior número de brasileiros. Embora a maioria dos países da lista esteja correta, os números são inconsistentes, e não há uma indicação de qual seja a fonte deles. O que se pode dizer é que os Estados Unidos são, há algum tempo, o país com o maior número de brasileiros – 1,9 milhão em 2022 -, seguido de Portugal (360 mil), Paraguai (254 mil), Reino Unido (220 mil) e Japão (206.990), de acordo com os dados do MRE.
Há uma razão histórica para alguns desses destinos receberem muitos brasileiros. Em outros casos, o fluxo migratório tem a ver com geopolítica internacional e com o que os países têm a oferecer aos brasileiros. Segundo Baeninger, já se sabe que os Estados Unidos tinham empresas em Governador Valadares (MG) na Segunda Guerra Mundial, o que ajudou a formar uma rede. O Japão, por sua vez, tinha uma forte política para receber imigrantes.
“Mas, a gente só vai se dar conta dessa dimensão quando chegou ao Primeiro Mundo. Porque já nos anos 1970, quantos brasileiros estavam no Paraguai? Mais de 400 mil. Mas, a gente só vai observar quando começa a ser esse fluxo sul-norte. Os principais destinos eram EUA, Japão e o Paraguai”, aponta.
O número de emigrantes brasileiros partindo para outros lugares começa a aumentar depois de 2010 à medida que a política e o perfil migratório dos países foi mudando: Portugal, por exemplo, tinha uma migração focada em dentistas, e passou a se receber profissionais da construção civil; o Chile costumava empregar estrangeiros em cargos de gerência, mas hoje há brasileiros em diferentes postos de trabalho.