Educação indígena no Rio de Janeiro: Ausência de escolas de ensino médio gera preocupação e casos de suicídio nas aldeias.


Recentemente, uma questão que tem chamado a atenção no Rio de Janeiro é a situação da educação indígena no estado. Devido à falta de estruturas físicas adequadas, escassez de professores especializados e baixos investimentos tanto públicos quanto privados, a educação destinada aos indígenas se tornou um grande desafio, refletindo em indicadores preocupantes que colocam o Rio como um dos piores no país nesse aspecto. Isso tem levado os jovens a terem que deixar as aldeias em busca de oportunidades de estudo, impactando suas raízes, origens e histórias, desestabilizando suas comunidades.
O DIÁRIO DO RIO, buscando entender melhor essa realidade, visitou em agosto de 2023 a maior aldeia do estado, a Aldeia Sapukai em Angra dos Reis. Durante a visita, um grupo de jovens guaranis expressou sua preocupação por meio de uma carta endereçada à Secretária Estadual de Educação, Roberta Barreto, solicitando a implementação de uma escola de ensino médio na aldeia. Atualmente, a aldeia oferece apenas o ensino fundamental, obrigando os alunos a buscarem outras opções quando chegam à idade do ensino médio.
Vídeo dos adolescentes guaranis lendo a carta
“Nossos jovens querem estudar e não conseguem. É a educação que vai melhorar a vida deles no futuro. Sem isso, ficam sem rumo”, pontua o cacique Argemiro, na Aldeia Sapukai.
Lucas, liderança da Aldeia Sapukai, afirmou: “O ideal é ter escola aqui. Para ficarem perto, na casa deles“.
Fala de Lucas, uma das lideranças locais. Vídeo Felipe Lucena
A demanda dos indígenas é por escolas que sigam as diretrizes do Ministério da Educação (MEC) em seus territórios, implementando as conhecidas Escolas Indígenas Diferenciadas. Essa é uma reivindicação antiga das lideranças das aldeias que buscam promover a recuperação das memórias históricas, o fortalecimento das identidades étnicas e a valorização das línguas indígenas.
Casos de suicídio
Os casos recentes de suicídio entre os jovens indígenas do Rio de Janeiro estão diretamente ligados à falta de perspectiva causada pela ausência de escolas e professores adequados para o ensino médio. Essa realidade foi ilustrada por tragédias como a jovem de 16 anos e o menino de 12 anos que se suicidaram na Aldeia Sapukai.
Segundo Sérgio Ricardo Potiguara, membro do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas (CEDIND-RJ), essa situação demanda uma resolução urgente, visto que a falta de ensino médio tem contribuído para uma série de problemas de saúde mental entre os jovens indígenas.