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Obra milionária cria “asas” no morro Dois Irmãos, ícone do Rio, sem licenciamento ambiental e gera polêmica com impacto visual.




Intervenção no Morro Dois Irmãos cria “asas” e gera polêmica

Intervenção no Morro Dois Irmãos cria “asas” e gera polêmica

Uma obra de contenção na encosta no morro Dois Irmãos, um dos ícones da paisagem da zona sul do Rio de Janeiro, tem gerado controvérsia. A intervenção, realizada pela gestão Cláudio Castro (PL), teve um custo de R$ 130 milhões e busca evitar a queda de rochas sobre moradias na Rocinha. No entanto, aspectos como dispensa de licenciamento ambiental, falta de comunicação formal ao Iphan e a atuação de um órgão não especializado no serviço têm sido questionados.

O motivo da intervenção também é objeto de debate. Enquanto a Geo-Rio afirmou que investiu em medidas de menor porte e considera o local seguro, a Cehab justifica a necessidade da obra para prevenir tragédias causadas por desastres naturais.

A obra consiste na instalação de 29 barreiras dinâmicas compostas por telas metálicas sustentadas por hastes presas na rocha, totalizando 2,3 km de extensão com alturas entre 4 e 8 metros. O visual dessas estruturas, visíveis da Lagoa Rodrigo de Freitas, de São Conrado e da própria Rocinha, tem sido comparado a “asas” no morro, o que impacta a vista do Leblon e Ipanema.

O Iphan, responsável por proteger a paisagem do morro Dois Irmãos, declarou que não foi formalmente consultado sobre a obra, mas analisa a intervenção. Enquanto a Cehab alega ter comunicado o órgão federal, o Iphan solicita um estudo de integração paisagística para autorizar definitivamente a intervenção.

Apesar da urgência da contenção para evitar riscos, o impacto visual das estruturas tem sido questionado. O uso de recursos que favoreçam a vegetação, como musgo ou jardineiras junto às telas, é sugerido para minimizar os efeitos visuais das barreiras. A inclusão de vegetação nas estruturas também seria contraproducente ao visual natural e tombado do morro.

A obra, que teve início em 2022 e previsão de conclusão em setembro deste ano, foi realizada sem licenciamento ambiental. A argumentação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico baseia-se na ausência de cobertura vegetal na área de intervenção para dispensar o licenciamento.

Em meio a debates sobre a necessidade, legalidade e impacto visual da obra no Morro Dois Irmãos, a população local e os órgãos responsáveis buscam um equilíbrio entre segurança e preservação da paisagem única da região.


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