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Retratação de Pesquisa sobre Alzheimer pela Revista Nature
No universo científico, a retratação de uma pesquisa é um movimento significativo que indica a invalidade dos resultados apresentados. Nesta segunda-feira (24), a renomada revista Nature “despublicou” um estudo sobre Alzheimer, originalmente publicado em 2006. A decisão foi motivada pela identificação de manipulação excessiva de imagens no trabalho, incluindo cortes, duplicações e apagamentos de partes de figuras.
Com mais de 2.300 citações, o artigo tornou-se o segundo mais citado a ser retratado, de acordo com o site Retraction Watch, que monitora retratações em revistas científicas. A Nature justificou a retratação afirmando que os dados do estudo não puderam ser verificados em registros confiáveis.
A polêmica em torno do estudo ganhou destaque após críticas levantadas pela Folha na semana passada. O primeiro autor, Sylvain Lesné, permanece em silêncio diante das acusações, enquanto a autora correspondente, Karen Ashe, inicialmente defendeu a validade da pesquisa, mas posteriormente concordou com a retratação. Ashe, inclusive, conduziu um estudo semelhante com novos coautores em outra revista, replicando os experimentos e resultados questionados na Nature.
O professor Lesné foi o único autor a discordar da retratação, segundo a Nature. Já Austin Yang, outro dos autores, não respondeu às tentativas de contato da revista.
Karen Ashe, professora da Universidade de Minnesota, tornou pública a decisão de retratar o estudo no PubPeer, um fórum online para discussões acadêmicas. Desde 2022, preocupações com as imagens da pesquisa já eram levantadas, e a retratação finalmente ocorreu em 2022.
O estudo original apontava a Aβ*56 como uma proteína relevante na deterioração da memória no Alzheimer, mesmo sem a formação de placas beta-amilóides. Essa descoberta indicava a Aβ*56 como um potencial alvo terapêutico contra a doença.