
Um campo de refugiados batizado em homenagem ao Brasil torna-se palco da guerra em Gaza
Na região sul de Rafah, na fronteira com o Egito, encontra-se Al-Brazil, um campo de refugiados marcado pela presença constante de tanques e soldados israelenses nas últimas semanas. O local, que tem suas ruas vigiadas por drones e aviões de Israel, ficou conhecido pelo nome em homenagem ao Brasil devido à participação de soldados brasileiros em missões de paz da ONU nos anos 1950 e 1960.
Para os moradores locais, como o palestino Muhammad Mansur, Al-Brazil representa mais do que um simples nome geográfico. Mansur, que cresceu no bairro e testemunhou a deterioração causada pela guerra, relembra tempos de alegria e união entre as famílias antes do conflito. A região abriga refugiados de confrontos anteriores e foi construída em torno de uma rua chamada Al-Brazil, que se estende até a fronteira entre Gaza e o Egito.
Contudo, a reputação de solidariedade do Brasil com a causa palestina sofreu um abalo durante o governo de Jair Bolsonaro, que estreitou laços com Israel e desapontou os palestinos ao considerar a mudança da embaixada brasileira para Jerusalém. Essa decisão desencadeou impactos negativos na relação entre Brasil e Palestina, conforme observado nas ruas ao lado do mausoléu de Yasser Arafat, chamadas de Al-Brazil.
Com o aumento da tensão entre Israel e Hamas, o campo de refugiados Al-Brazil em Rafah tornou-se um refúgio para milhares de palestinos em meio aos ataques. O Hamas, grupo palestino, provocou Israel com um atentado que resultou em represália militar israelense, deixando um saldo de vítimas e causando um êxodo em massa da população para o sul de Gaza.
Apesar das tentativas de mediação internacional, como a intervenção do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a região de Rafah foi invadida por Israel em maio, forçando muitas famílias a buscar abrigo em outras partes da Faixa de Gaza. A violência e a destruição atingiram diretamente o bairro brasileiro, transformando-o em um cenário de desolação e tragédia.
Enquanto os conflitos persistem e os esforços por um cessar-fogo fracassam, a população de Al-Brazil enfrenta um cenário devastador. Mansur descreve a situação como uma verdadeira tragédia, onde cada residência se tornou um símbolo de perda e desespero. O futuro da região permanece incerto, mas a esperança de paz é um anseio constante para aqueles que testemunham a destruição de suas vidas e sonhos.