
Novo Medicamento para o Alzheimer: Esperança e Desafios
Nos últimos três anos, uma nova classe de medicamento para o Alzheimer, a primeiro a tratar a causa raiz da doença, desencadeou uma montanha-russa de esperança e decepção. Mas enquanto esses chamados anticorpos antiamiloide tiveram um começo difícil, muitos pacientes e seus médicos estão se sentindo mais otimistas agora que um dos medicamentos está finalmente sendo mais amplamente utilizado.
O lecanemab (de nome comercial Leqembi) recebeu aprovação total da FDA (Food and Drug Administration) em julho de 2023 e é atualmente o único de sua classe disponível para pacientes com Alzheimer, fora de ensaios clínicos. O medicamento mostrou-se capaz de retardar a progressão da doença, mas seus benefícios são bastante modestos. Também é uma terapia pesada e tem um alto risco de efeitos colaterais preocupantes.
Com lecanemab aprovado há quase um ano —e com um medicamento semelhante, donanemab, recomendado para aprovação por um comitê consultivo da FDA em uma reunião do dia 10 deste mês—, o The New York Times consultou especialistas de três grandes centros médicos sobre quem está recebendo lecanemab e como estão respondendo.
O que envolve o tratamento e quais são os riscos dos medicamentos?
Os pacientes elegíveis e suas famílias têm muitas coisas para considerar também. Em um nível prático, o lecanemab pode ser demorado e caro. Os pacientes precisam fazer infusões a cada duas semanas, além de exames de ressonância magnética regulares para monitorar os efeitos colaterais. E embora o medicamento seja coberto em 80% pelo Medicare (sistema de seguros de saúde gerido pelo governo dos Estados Unidos), o tratamento e as muitas consultas médicas necessárias ainda podem resultar em despesas anuais de até US$ 6.600 (cerca de R$ 36 mil) do próprio bolso.
As pessoas também precisam considerar os riscos. A principal preocupação com o lecanemab é uma condição conhecida como ARIA, para anormalidades de imagem relacionadas ao amiloide, que podem causar inchaço ou sangramento no cérebro. Durante um ensaio clínico, esses efeitos colaterais ocorreram em qualquer lugar de 5% a 39% dos pacientes, dependendo do status do APOE4 da pessoa, embora muitas vezes não apresentassem sintomas. De mais de 1.600 pacientes que receberam uma dose de lecanemab, quatro mortes foram possivelmente relacionadas ao medicamento.
Quais são os benefícios e como os pacientes iniciais estão respondendo?
Junto com esses riscos e ônus, o benefício potencial de tomar lecanemab é, em média, uma desaceleração de 27% da doença. O medicamento não melhorará a memória das pessoas, mas retarda a progressão do Alzheimer em cerca de cinco meses.
Ajuda as pessoas a permanecerem “na fase inicial atual por mais tempo”, diz Rabinovici. “Está adiando o momento em que precisam de ajuda com atividades básicas da vida diária.”
A maioria dos pacientes de Rabinovici que estão tomando lecanemab só está usando o medicamento há alguns meses, então ele diz que ainda estão em “modo de espere para ver” para avaliar os benefícios.
Apesar de suas preocupações, os especialistas dizem que muitos de seus pacientes —e seus médicos— estavam entusiasmados com o medicamento.
“A doença de Alzheimer é uma condição devastadora para os pacientes, para suas famílias, então as pessoas estão realmente muito animadas, ansiosas para receber esse tratamento”, diz Ramirez Gomez. “Do lado dos médicos, acho que também há um certo otimismo.”
É assim que Helene e seu marido, Joseph, se sentem. Quando Helene foi diagnosticada com comprometimento cognitivo leve devido ao Alzheimer de início precoce, aos 61 anos, ela e Joseph imediatamente começaram a procurar tratamentos potenciais e ensaios clínicos. (Ambos pediram para usar nomes do meio para proteger sua privacidade.)
Depois de concluir todos os testes necessários, eles descobriram que Helene era uma boa candidata para lecanemab e decidiram seguir com o tratamento. Embora tenham enfrentado vários obstáculos —lutando para que o seguro de Joseph cobrisse, viajando 90 minutos de ida e volta para o centro de infusão, uma reação ruim após a primeira dose— o processo valeu a pena. Helene não teve problemas com inchaço ou sangramento cerebral, e não progrediu para a próxima fase da doença.