Padre é acusado de descaracterizar igreja centenária de Santa Teresa: polêmica envolve mudanças drásticas no patrimônio histórico
Uma polêmica envolve a histórica Igreja de Nossa Senhora das Neves, localizada em Santa Teresa, fundada em 1860. O templo passou por uma restauração em 2020, sob a supervisão do Padre Flávio Vieira, e agora está no centro de uma denúncia de descaracterização pelo novo pároco, André Luiz Rodrigues, conhecido como “Padre Maravilha”. A denúncia, divulgada em primeira mão pela página Rio Antigo, tem causado agitação entre os moradores e frequentadores.
Situada no Morro do Paula Mattos, em frente ao Largo das Neves, a igreja é um marco histórico de Santa Teresa, mas recentemente, alterações drásticas foram observadas na estrutura interna do edifício, sem consulta prévia aos paroquianos ou aos órgãos competentes da Arquidiocese do Rio.
A reforma anterior, feita pelo Padre Flávio Vieira, visava preservar a arquitetura e o mobiliário centenário da igreja, incluindo um altar de mais de 160 anos. O piso reconstruído com ladrilhos hidráulicos idênticos aos originais foi uma peça-chave nesse esforço de restauração que respeitava a identidade histórica do local, com aprovação da Comissão Sacra da Arquidiocese do Rio. Segundo o Padre Flávio, a comunidade se uniu para a reforma completa, destacando o empenho em revitalizar cada detalhe.
Porém, o “Padre Maravilha” executou uma série de mudanças sem consentimento da comunidade. O piso de ladrilhos hidráulicos foi substituído por porcelanato, alterando completamente a aparência da igreja. Além disso, o histórico altar restaurado foi removido, assim como o teto de madeira, sob alegação de infestação de cupins, o que foi contestado por Padre Flávio. Muitos moradores estão resgatando fragmentos do mobiliário descartado, na tentativa de preservar memórias do templo.
O “Padre Maravilha” chegou à paróquia em 2023 e é apontado como ausente dentro do templo. Além de ser o pároco, é doutor em Teologia e Ciências Patrísticas, atuando também como professor do Programa de Pós-Graduação em Teologia da PUC-Rio.
Para Luiz Simões, morador e frequentador, as mudanças recentes são devastadoras, já que contribuiu financeiramente para a reforma anterior. A falta de tombamento oficial da igreja como patrimônio histórico levanta questões sobre a proteção legal desses locais.
Daniel Sampaio, ativista do patrimônio, expressa preocupação com o futuro da igreja, aguardando esclarecimentos do pároco e do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade para entender se as obras resultarão em um restauro autêntico.
O DIÁRIO DO RIO tentou contato com a administração da igreja e o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade em busca de posicionamentos oficiais, mas sem sucesso até o momento. Os moradores indignados planejam registrar um boletim de ocorrência na 7ª DP de Santa Teresa, buscando proteger o que resta da história preservada da igreja.
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