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Justiça do Rio determina reintegração de posse da Aldeia Maracanã ao estado em decisão polêmica após anos de ocupação indígena.





Manifestação dos povos originários em 2012 na época da Copa do Mundo. Reprodução: Conselho Indigenista Missionário.

No último dia 18, o juiz José Arthur Diniz Borges, da 8ª Vara Federal do Rio de Janeiro, determinou a reintegração de posse do terreno onde ficava o antigo Museu do Índio, ao lado do estádio do Maracanã, para o estado. A área, que abriga a ruína de um prédio e um terreno adjacente, é conhecida como Aldeia Maracanã e tem sido ocupada por famílias indígenas de diversas etnias nos últimos anos.

Segundo o advogado Arão da Providência, que representa os indígenas locais, a ocupação do espaço por representantes de povos originários começou em 2006, com permissão da União, antiga proprietária do terreno.

Durante os preparativos para a Copa do Mundo de Futebol de 2014, o governo estadual solicitou à Justiça a posse do terreno da Aldeia Maracanã para demolir o prédio como parte das obras de revitalização do estádio do Maracanã. Na época, o estádio sediaria jogos do mundial, inclusive a final.

Em 2013, os indígenas e os ativistas dos direitos humanos que os apoiavam foram retirados do local em uma operação da Polícia Militar. Após a conclusão dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, as famílias voltaram a ocupar a área.

O advogado destaca que a recente decisão judicial é uma consequência de uma sentença anterior. No entanto, segundo ele, há irregularidades no processo, o que o levou a recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Entre essas irregularidades, destaca-se a falta de intimação de todas as 23 lideranças indígenas que estavam na aldeia em 2013, muitas das quais já não estão mais no local. “A intimação é essencial, pois é através dela que se toma conhecimento da medida judicial em questão”, ressalta o advogado.

No processo de 2013, o estado do Rio de Janeiro solicitou a reintegração de posse de apenas uma parte do terreno (1.500 metros quadrados). Agora, a solicitação é para todo o espaço, totalizando 14.300 metros quadrados.

Em comunicado, o Governo Estadual do Rio afirmou que possui uma decisão judicial favorável desde 2016 para a posse do imóvel onde fica a Aldeia Maracanã, atualmente ocupado de forma irregular. O governo aguarda o prazo determinado pela Justiça para tomar as medidas necessárias para a reintegração do imóvel.


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