Gerente de integridade da SportRadar alerta para vulnerabilidade de jogadores brasileiros à manipulação de resultados esportivos

O depoimento de Felippe Marchetti à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas revelou a vulnerabilidade de clubes e jogadores no Brasil diante de propostas de empresários ligados à manipulação de resultados. Marchetti, gerente de integridade da SportRadar AG, sediada na Suíça, explicou os métodos da empresa para detectar fraudes e ressaltou a necessidade de um trabalho educativo com os atletas para combater esse problema.
O senador Romário, relator da comissão, baseou seu requerimento de oitiva em um relatório da SportRadar que apontou o Brasil como um dos líderes mundiais em fraudes no setor, com 109 partidas suspeitas em 9 mil analisadas. Marchetti destacou a atuação internacional dos fraudadores e a mudança de foco para a América Latina devido ao maior rigor no combate às fraudes na Europa.
Marchetti explicou o papel da inteligência artificial da SportRadar no monitoramento das apostas, evidenciando a importância da análise qualitativa. Ele também ressaltou a necessidade de cooperação entre diferentes atores para combater as fraudes, defendendo a adesão do Brasil à Convenção de Macolin.
Em relação às acusações do empresário John Textor sobre manipulação de jogos, Marchetti afirmou que a SportRadar não encontrou anomalias e que a movimentação do mercado de apostas vai contra as alegações. O presidente da CPI, senador Jorge Kajuru, mencionou uma reunião secreta com Textor, onde a maioria dos senadores viu indícios de provas, mas Marchetti defendeu a metodologia da SportRadar.
A preocupação com a possibilidade de envolvimento do crime organizado nas manipulações também foi levantada, com destaque para uma suposta dívida da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Marchetti reconheceu a possibilidade desse envolvimento, citando exemplos internacionais.
Os senadores demonstraram interesse em investigar mais a fundo as potenciais fraudes no Brasil, levantando a necessidade de maior transparência e ação por parte das autoridades competentes. A troca de informações e a cooperação entre diferentes entidades foram ressaltadas como fundamentais para combater a manipulação de resultados esportivos no país.