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Futebol brasileiro é alvo vulnerável à manipulação, alerta chefe de integridade da Genius Sports em depoimento na CPI.

O futebol brasileiro é considerado um alvo extremamente vulnerável à manipulação de jogos e apostas esportivas, de acordo com Tiago Horta Barbosa, chefe de integridade para a América Latina da empresa britânica Genius Sports. Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas nesta terça-feira (18), Barbosa destacou que a quantidade de jogos disputados em diversos níveis esportivos cria um ambiente propício para manipulações, especialmente devido aos baixos salários da maioria dos atletas no país.

Barbosa ressaltou a experiência da Genius Sports, que trabalha com mais de 160 ligas e federações esportivas, e enfatizou a importância de meios tecnológicos avançados para identificar possíveis situações de manipulação no mercado de apostas. A empresa utiliza algoritmos que cruzam informações relevantes sobre equipes, jogadores e árbitros, possibilitando a detecção de alertas que são posteriormente analisados por especialistas em integridade.

O representante da Genius Sports alertou que é necessário permanecer vigilante e responsivo às táticas em constante evolução empregadas por aqueles que tentam minar a integridade do esporte. Ele também destacou a importância da educação no ambiente esportivo para conscientizar sobre os riscos da manipulação de competições.

Em relação à possível participação de jogadores brasileiros em fraudes esportivas, Barbosa mencionou que atletas menos favorecidos podem enxergar nessa prática uma oportunidade de “mudança de patamar” em suas vidas. Ele citou estatísticas que mostram que a maioria das fraudes ocorre em torneios de divisões inferiores internacionalmente e defendeu a construção de sistemas de integridade eficazes para prevenir e detectar fraudes no esporte.

Quanto à atuação de empresas concorrentes no monitoramento de entidades esportivas, Barbosa afirmou que não há problema em mais de uma empresa atender às mesmas instituições. Ele ressaltou que a recomendação da Fifa é que entidades esportivas trabalhem com mais de um monitoramento para fortalecer a identificação de fraudes.

Sobre possíveis casos de manipulação envolvendo jogadores, como o jogador Lucas Paquetá investigado na Inglaterra, Barbosa preferiu não emitir opinião, destacando a importância da confiança no trabalho das entidades esportivas. Quanto ao papel da International Betting Integrity Association (Ibia) na investigação de atletas, Barbosa considerou que o modelo da Ibia poderia ser aplicado no Brasil.

Apesar dos esforços das entidades esportivas brasileiras, Barbosa enfatizou que o trabalho de integridade no esporte na Europa possui uma vantagem de 10 a 15 anos em relação ao Brasil. Ele ressaltou a necessidade de colaboração entre as partes interessadas para fortalecer o sistema de integridade esportiva no país.

Barbosa também evitou fazer comentários sobre declarações polêmicas de empresários, como John Textor, sócio majoritário do Botafogo, ressaltando a importância de manter o foco na prevenção e detecção de manipulações no esporte.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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