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Deputada e ex-assessora são denunciadas por integrar milícia no Rio; procurador-geral aponta interferência política e envolvimento com “Bonde do Zinho”.

Na última segunda-feira (17), a deputada estadual Lucia Helena Pinto de Barros, mais conhecida como Lucinha, e sua ex-assessora parlamentar, Ariane Afonso Lima, foram denunciadas pelo procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, por fazerem parte da milícia conhecida como “Bonde do Zinho”, “Tropa do Z” ou “Família Braga”, liderada por Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho.

Segundo as investigações, Lucinha e sua assessora integravam o núcleo político da organização criminosa. Zinho se entregou à Polícia Federal no final de 2022. A denúncia foi entregue ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça (TJRJ) e descreve que a milícia possuía diversos subgrupos, incluindo o núcleo operacional, o núcleo financeiro destinado à lavagem de dinheiro e o núcleo político, no qual Lucinha e Ariane estavam envolvidas, sendo responsáveis por defender os interesses dos criminosos junto ao Poder Público.

A denúncia ainda relata que as acusadas interferiram na esfera política em diversas situações, buscando favorecer os interesses da organização criminosa e garantir a impunidade de seus integrantes. Entre os episódios citados, destaca-se o fornecimento de informações privilegiadas relacionadas à agenda de visitas do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, permitindo que os milicianos se escondessem nas localidades dominadas pelo grupo.

Além disso, as acusadas tentaram interferir para manter uma brecha no transporte público, facilitando a arrecadação de recursos ilícitos pela milícia. A denúncia também aponta que Lucinha prestou auxílio a membros do Bonde do Zinho presos em flagrante, além de tentar remover comandantes da Polícia Militar e da Assembleia Legislativa que combatiam a organização criminosa.

As investigações mostraram que as acusadas mantiveram encontros frequentes com as lideranças do grupo miliciano para estabelecer as linhas de interferência junto à Alerj, além de terem nomeado integrantes e parentes da milícia como assessores em seus gabinetes.

A deputada e sua ex-assessora vão responder pelo crime de constituição de milícia privada, que pode resultar em uma pena de 5 a 10 anos de prisão, multa e perda da função pública. Até o fechamento da matéria, a reportagem não conseguiu contato com Lucinha para comentar as acusações.

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