O bispo emérito de Blumenau (SC) dom Angélico Sândalo Bernardino fez duras críticas ao projeto de lei que equipara o aborto acima de 22 semanas ao crime de homicídio, mesmo nos casos de estupro. Segundo o religioso, essa proposta é uma “distorção da realidade” e não aborda de forma adequada a complexidade do tema.

Dom Angélico defende a promoção da educação sexual no país como uma medida fundamental antes de se pensar em punir mulheres que recorrem ao aborto. Para ele, simplesmente prender as mulheres sem uma discussão aprofundada sobre o contexto em que ocorre a interrupção da gravidez é uma abordagem leviana e legalista.

O religioso, que é um dos mais respeitados da Igreja Católica, questionou também o momento em que o tema está sendo debatido pela Câmara dos Deputados, destacando que discutir a questão do aborto às vésperas de uma eleição levanta dúvidas sobre a motivação dos políticos que apoiam o projeto.

Em contraste com a posição da CNBB, que se mostrou favorável ao projeto, dom Angélico reforçou sua discordância em relação à proposta. Ele enfatizou a necessidade de se analisar a situação de forma mais abrangente, considerando as circunstâncias específicas de cada caso antes de tomar medidas punitivas contra as mulheres.

O religioso destacou a importância da educação sexual em todos os âmbitos da sociedade, desde a infância até a idade adulta, como uma forma de proporcionar uma formação sólida e consciente sobre a sexualidade e o afeto, baseada em ciência e informação adequada.