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O presidente da Câmara, Arthur Lira, e sua bancada conseguiram chamar a atenção das ruas e das redes sociais ao aprovarem a urgência para o projeto que equipara o aborto a partir de 22 semanas de gestação, mesmo em casos de estupro. A reação da sociedade revelou apenas a ponta do iceberg do que o presidente Juscelino Kubitschek chamava de ‘o monstro’.
Esse ‘monstro’ nada mais é do que a opinião pública. Ela pode demorar a se manifestar, mas quando explode, é difícil de controlar. A mistura de religião com política, incentivada por Bolsonaro e seus aliados, não tem trazido bons resultados. A tentativa de impor mais sofrimento às mulheres vítimas de estupro do que aos estupradores acabou sendo um alerta importante.
No último fim de semana, foram realizadas manifestações contra o projeto do deputado e pastor Sóstenes Cavalcanti em oito cidades, incluindo São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. Uma pesquisa da Quaest revelou que 52% das postagens sobre o tema foram críticas. Em uma enquete divulgada no portal da Câmara, 88% dos participantes discordaram totalmente do projeto.