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Menina de 10 anos é vítima de estupro e enfrenta desafios para realizar aborto legal em caso que choca o país.





Reportagem sobre Caso de Aborto de Menina de 10 Anos

Na época, casa da avó da menina foi invadida por um homem desconhecido que disse que o aborto era “pecado”. O homem, nunca visto anteriormente pela mulher, teria dito: “Sabia que a senhora não pode fazer o aborto da sua filha? [Mulher perguntou por quê] Que não pode porque a senhora está pecando, que a senhora está fazendo um negócio que Deus não gosta”. Na ocasião, a mulher disse que a filha era dela e quem mandava nela era ela: “Então, se ela não quer [seguir com a gestação], eu também não quero”.

Avó afirmou que nunca desconfiou que tio estuprava a menina e relata que a garota era ameaçada pelo estuprador. “O que aconteceu, eu fiquei de boca aberta. Eu nunca imaginava. [Ele ameaçava ela?] Ameaçava. Dizia que se ela falasse alguma coisa, ia matar o pai dela, eu, o avô, os tios e, principalmente, a tia, que ela gostava muito e era a mulher dele. Mato todo mundo e vou embora”, declarou a avó da garota à emissora.

Advogada da família da menina diz que criança tinha medo das ameaças e não conhecia o seu corpo para saber que estava grávida aos 10 anos. Segundo a defensora Anna Luiza Sartorio Bacellar, a família levou a garota ao hospital da cidade, onde foi confirmada a gestação. Na sequência, a vítima foi retirada da família e passou alguns dias em um abrigo. Apenas após determinação judicial, ela foi levada para um hospital de referência no Espírito Santo, que negou o aborto legal, e ela precisou ser levada a uma unidade de saúde de Pernambuco para realizar o procedimento.

Criança não pode ser mãe. Como é que criança vai ter uma criança? Não tem condição.
Familiar da garota que realizou aborto legal em 2020

“É um absurdo ela ser punida”, disse diz diretor de unidade onde garota fez o aborto legal. “Porque ela já é punida. Ela já foi estuprada e não quer continuar a gravidez”, acrescentou Olímpio Barbosa de Moraes Filho, diretor do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros, em Pernambuco. Ele explicou que a menina descobriu a gestação antes de 22 semanas, mas foi obstruída de realizar o procedimento em um hospital do Espírito Santo.

Isso é uma coisa tão absurda. Imaginar que alguém defenda disso [PL do Aborto, veja mais abaixo]. É muito triste. É uma sociedade misógina, que tem ódio às mulheres. É tudo hipocrisia né, porque a gente sabe que quando acontece com a família deles, eles pensam diferente.
Olímpio Barbosa de Moraes Filho, diretor do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros

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