Despejado projeto social da Cracolândia: 25 pessoas perdem moradia em hotel alvo de operação policial por suspeita de lavagem de dinheiro.

De acordo com informações da Polícia Civil de São Paulo, cerca de 28 hotéis e hospedarias na região central da cidade estariam envolvidos em um esquema de lavagem de dinheiro relacionado ao tráfico de drogas. A operação resultou na autorização de 140 mandados de busca e apreensão, além da interrupção das atividades econômicas dos estabelecimentos sob investigação.
Esses hotéis, situados nas proximidades das estações de metrô e trens da Luz e Julio Prestes, possuem uma ligação histórica com o bairro, que costumava ser ponto de chegada de viajantes de outras regiões do estado e do país. Hoje em dia, esses locais atendem predominantemente a população em extrema situação de pobreza, incluindo pessoas em situação de rua que buscam uma alternativa para pernoitar ou para se higienizar.
É importante ressaltar que o hotel utilizado pelo projeto social em questão havia passado por melhorias promovidas pelos próprios beneficiários. O psiquiatra Flávio Falcone, idealizador do TTT, destaca a importância do trabalho realizado pelas pessoas atendidas, que contribuíram para a construção de um ambiente acolhedor.
Falcone, que também é palhaço e realiza intervenções artísticas na Cracolândia, está em busca de uma nova localização para realocar os beneficiários do projeto, garantindo que a moradia é o primeiro passo fundamental para promover cuidado e bem-estar integral. O médico enfatiza que oferecer um teto é essencial para possibilitar o acesso a outros tipos de apoio, como assistência médica, social e jurídica, além da oportunidade de participação em projetos que visam a geração de renda.
Por outro lado, o proprietário do hotel despejado nega as acusações de envolvimento com organizações criminosas, explicando que aluga diversos imóveis na região para oferecer serviços de hospedagem a preços acessíveis. Diante da repercussão do caso, ele relata que sua filha foi alvo de hostilidades na escola e ressalta que não escolheu ter pessoas em situação de rua como hóspedes, mas agiu por necessidade de manter seu negócio em funcionamento.
Com questões legais ainda em curso e o desafio de garantir moradia digna para os beneficiários do Teto Trampo Tratamento, o despejo do projeto do hotel representa mais um capítulo complexo na luta pelo acolhimento e proteção das pessoas em vulnerabilidade social na região da Cracolândia, em São Paulo.