Tempo Livre: Entre Lazer e Utilitarismo
Em um cenário fictício, o host de um talk-show questiona a entrevistada sobre o que ela faz em seu tempo livre. A resposta sarcástica da moça, combinada com a reação da plateia, gera um momento de catarse masoquista. Embora essa cena nunca tenha acontecido, ela reflete a forma como o lazer é encarado na sociedade atual.
No mundo acelerado em que vivemos, eventos culturais são muitas vezes vistos como oportunidades de aprendizado, networking e formação de repertório. Ir a um show, ler um livro ou assistir a um filme torna-se parte de um processo de absorção de conhecimento e experiências, em vez de ser valorizado como um fim em si mesmo.
Em contrapartida, a ideia de tempo livre é ironizada, como se dedicar horas ao lazer fosse um luxo inadmissível em meio à correria do dia a dia. A pressão para estar sempre ocupado, produtivo e disponível para o trabalho se reflete até mesmo nos momentos de descanso, transformando o ato de relaxar em uma atividade suspeita.
Recentemente, uma filósofa ou socióloga levantou a questão de que o totalitarismo, enquanto modelo de estado, foi derrotado no século XX. No entanto, a forma como somos condicionados a preencher cada minuto de nossas vidas com atividades úteis e produtivas sugere que essa mentalidade totalitária ainda permeia nossa sociedade de maneiras sutis.
Em meio a essa reflexão, o autor destaca a importância de resgatar momentos de lazer genuíno, como o show de seus amigos Ricardo Teperman e Vinicius Calderoni, que trouxeram à tona a questão da importância de simplesmente ouvir e sentir a música, sem a necessidade de justificar ou otimizar esse momento.
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O mundo corporativo também reconhece a importância do tempo livre, como evidenciado pelo projeto de uma grande empresa global que incentivava seus funcionários a explorar atividades fora do ambiente de trabalho. Essa iniciativa visava evitar que os colaboradores se tornassem meros zumbis corporativos, ressaltando a importância de manter um equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Assim, enquanto nos deparamos com a pressão constante para estar sempre ocupados e produtivos, é essencial lembrar que o tempo livre não deve ser motivo de vergonha ou culpa, mas sim uma oportunidade de renovar as energias, se reconectar consigo mesmo e apreciar os pequenos prazeres da vida.
